Início Games Análises Uma breve história dos jogos de terror | RPG, Adventures e o...

Uma breve história dos jogos de terror | RPG, Adventures e o horror

3875
0
COMPARTILHAR
Uma breve história dos jogos de terror RPG Adventures e o horror

Segunda parte do “Uma Breve História dos Jogos de Terror” com jogos que variam entre o RPG e o Adventure, dessa vez com muitos jogos japoneses.

Sweet Home, o avô de Resident Evil

Chamado muitas vezes de “avô do Resident Evil” e do survival horror de forma geral. Sweet Home (1988) não só estabeleceu muito dos elementos principais comuns em survival horror do futuro, mas teve uma intrínseca história com Resident Evil.

Tokuro Fujiwara, diretor de Sweet Home e produtor de Resident Evil, considerava este como um remake de sua criação em 1988.

De fato, mesmo o nome americanizado (“habitante maligno”, em português) parece uma homenagem a Sweet Home, que tem como foco em seu enredo uma casa amaldiçoada.

O jogo foi lançado em conjunto com um filme de mesmo nome seguindo basicamente a mesma história.

Uma equipe cinematográfica está fazendo um documentário sobre os belos afrescos (pinturas feitas em muros e paredes) do pintor Ichirō Mamiya. Porém, alguns dos seus afrescos estão escondidos numa misteriosa mansão.

Amaldiçoada pelo fantasma de sua falecida esposa. Cabe a equipe sobreviver aos perigos da casa e tentar pacificar os espíritos que a habitam.

War of the Dead e o terror anos 80

Nesta outra edição de RPG japonês, vemos outros diversos elementos que posteriormente seriam famosos no survival horror, brotarem em sua jogabilidade.

A história gira em volta do misterioso desaparecimento da pequena cidade de “Charney’s Hill”, onde todas as comunicações locais foram cortadas e uma equipe militar previamente enviada havia desaparecido completamente. O enredo seria uma clara influência ao primeiro Resident Evil, lançado 9 anos depois.

A premissa do jogo consiste em batalhar contra os monstros que dominaram a cidade, resgatar as pessoas e as levarem para a igreja, único lugar da cidade não afetado pelo misterioso fenômeno.

Os personagens encontrados na cidade são referências a diversas obras e personalidades do terror, como o Padre Carpenter (em homenagem ao diretor John Carpenter), Carrie (protagonista de Carrie a Estranha), Romero (diretor George Romero da franquia Dawn of the Dead), entre outros.

Laplace no Ma e o horror lovecraftiano

É até admirável e um pouco estranho ver como os primeiros exemplos de RPG e terror nos jogos digitais, foram influenciados por títulos inspirados em sistemas de jogos futuristas e de ficção científica.

Principalmente ao levar em conta que um dos sistemas de RPG mais famosos é o Chamado de Cthulhu, baseado no universo criado pelo escritor H.P. Lovecraft. Pois é para remediar essa situação que o próximo jogo da lista está aqui.

A história de La place no Ma (1987) se passa em 1923, na cidade fictícia de Newcam, nos arredores de Boston, Massachusetts. As semelhanças com Arkham dos contos de Lovecraft são inegáveis.

O jogador tem a liberdade de escolher sua classe no começo do jogo que, assim como é nas mesas de Call of Cthulhu, são bem diferentes das classes de fantasia medieval mais comuns em RPG.

O jogo tem diversas versões em várias plataformas onde cada uma oferece algo diferente. A versão para Super Nintendo ganhou um patch feito por fãs com tradução de japonês para inglês, e vale a pena ser conferida.

Produce, grotesco e perturbador

Produce (1987) sem dúvida iria trazer novas cartas a mesa com cenas grotescas de body horror e enredo perturbador.

Misturando elementos de dungeon crawlers e roguelikes games com jogos adventure, Produce inverte a premissa nos fazendo jogar na pele do vilão.

O enredo gira em torno de 4 adolescentes japoneses, Gilbert, Toshio, Tina, e Sayaka que estudam fenômenos psíquicos. Tosho é apaixonado por Sayaka, porém ela tem sentimentos por Gilbert.

Frustrado pelo amor não correspondido, Toshio é atraído para uma mansão por uma entidade extra dimensional. Se ele conseguir atrair seus amigos até a entidade, a entidade irá entregar Sayaka para ele. Porém irá devorar os outros dois amigos (coitada da Tina que tem nada a ver na história).

Numa espécie de game master que deve assustar seus jogadores sem os matá-los. Guiando como ratos num labirinto até seu destino final. Serem assimilados por uma entidade demoníaca.

O final nos presenteia com uma das cenas mais perturbadoras dos games até o momento, onde acompanhamos o lento bater do coração que se esvai a cada batida, conforme Sayaka é assimilada pela maligna entidade.

Snatcher e o horror nas visual novels

Praticamente uma adaptação não oficial de Blade Runner com algumas pitadas de Exterminador do Futuro, recheado de cenas viscerais de violência e bioterror.

Snacther (1988) foi lançado para computadores japoneses, com port para Sega CD com cenas e conteúdo adicional. É um dos primeiros trabalhos de Hideo Kojima como diretor logo após estrear com o primeiro Metal Gear para MSXII.

Com um gameplay imersivo, com diversos detalhes narrativos espalhados pelo jogo. Onde tudo é feito para se aprofundar a narrativa. Snatcher é um prato cheio para os fãs de visual novel clássicos com temáticas de horror e ficção científica.

DarkSeed e o horror nos point n clicks

DarkSeed (1992) é um dos primeiros jogos a pavimentar a entrada dos jogos digitais para o elevado campo da arte, em especial os ligados a narrativas de horror.

Com participação e consultoria do artista plástico H.R.Giger, famoso por servir de base para a estética do filme Alien. Dark Seed, assim como outros point n’ click Adventure de terror, trabalha com uma pesada narrativa psicológica.

Um elemento de gameplay que traria uma dose extra de ansiedade é que muito dos enigmas do jogo só podem ser realizados com limite de tempo, fazendo com que o jogador tenha de se apressar caso queira completar o jogo.

I have no Mouth and I Must Scream, o horror no divã freudiano

Falando em parceria de famosos artistas na produção de jogos digitais, desta vez temos o famoso escritor de Ficção Científica Harlan Ellison. Não só adaptando seu conto homônimo para os jogos digitais, como expandindo sua narrativa.

Através de uma densa narrativa psicológica onde cada personagem explora seu inferno pessoal construído sobre suas mágoas, ressentimentos e fobias do decorrer de sua vida (narrativa futuramente explorada em SilentHill 2), o jogo apresenta uma psicoterapia arrepiante e um profundo olhar nos horrores escondidos na mente.

Com abundantes influências da psicanálise de Freud, acompanhamos cada um dos personagens enfrentarem seus piores medos como que num divã horripilante e traumático, com finais que podem variar de acolhedor para devastador.

CONTINUA

Ainda teremos mais artigos sobre Uma Breve História dos Jogos de Terror, com RPG e adventures voltando na história. Mas por hoje é só, no futuro irei postar outras partes da história.

Quer uma descrição mais detalhada? Confira minha série sobre a história do terror nos jogos digitais:

O horror como gameplay antes do Survival Horror (1980 – 1989)
O Horror como temática em jogos de Ação e Aventura (1982-1992)
O horror atmosférico dos Adventures (1989 – 1998)
Os bizarros jogos RPG de terror japoneses
Parte 1 e Parte 2

Facebook Comments

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here