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Mortal Kombat (2021) diverte, mas não impressiona

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Mortal Kombat (2021) diverte, mas não impressiona

Mortal Kombat (2021) foi lançado cumprindo promessas de ser uma adaptação fiel ao jogo com bastante violência e sangue. Porém, ainda que divirta nesses tempos tão escuros de pandemia, quarentena e falta de filmes lançados, deixa um pouco a desejar.

Confira minha review completa!

A batalha histórica entre Sub-Zero e Scorpion

Já no começo do filme, somos apresentados a rivalidade histórica entre o clã do Sub-Zero original contra o clã de Scorpion, séculos antes do tempo atual.

Vemos um verdadeiro filme de época, com combates bem coreografados, uso de armas orientais antigas e um pesado drama digno de filmes de artes marciais orientais clássicos.

Mas, talvez seja só eu dizendo isso, a cena e história se alonga um pouco, considerando que se trata de um filme do Mortal Kombat.

Tudo funcionaria perfeito como uma pequena introdução antes dos créditos, mas parece um curta que foi adicionado por engano a trama. Por mais legal que seja, esse épico oriental histórico destoa bastante da fantasia e até terror que a série representa.

Violência e sangue

Felizmente o filme soube entregar muito bem o que mais prometera. Como imaginar um filme do Mortal Kombat sem a violência gráfica visceral pelo qual a série foi famosa?

O filme dos anos 90 teve de se dobrar em cinco para tentar entregar algo do tipo. Já esse, com classificação R (+16 aqui no Brasil) consegue aproveitar o que tem em mãos.

Vísceras, cabeças arrancadas, fatalitys, ossos se partindo… tudo que um bom filme da série pagou para ver.

Sem vergonha do que é

Algo que eu DESPREZO em qualquer tipo de adaptação é obra que tem VERGONHA de seu material original. Felizmente, não demora para a gente ver os famosos “poderzinhos” em tela.

Um filme de fantasia e luta, baseado em ficção especulativa das mais absurdas, não pode ficar com medo de parecer irreal, por que não é pra ser real mesmo.

A explicação nem precisa ser convincente, aquele papo de buscar o arcano dentro de si e bla bla blá. Apenas me dê os gigantes de quatro braços e o monge shaolin que atira fogo pelas mãos, e garanto que todo mundo sai ganhando.

Fanservice

Muito cinéfilo chato chama esses acenos do filme ao público fã de “fanservice” (termo que nasceu da comunidade de anime que tem outro significado) com ar de desprezo. Eu digo que não é menos que a obrigação.

Um filme sim, tem de buscar pessoas de diversos gostos que veem ao cinema para passeio. Mas tem de fazer mirando principalmente naqueles que já são fã da obra que buscam adaptar.

Se assim não o for, qual o sentido de SEQUER adaptar uma obra? Não é por confiança que o material original pode proporcionar para essa diferente mídia? Caso não for, melhor fazer um produto completamente original, não é mesmo?

Falarem “flawless victory”, fatality, Kano arrancando corações com as mãos, quero tudo isso! E quem falar que é cringe pode vir x1 comigo a qualquer momento.

Alguns personagens muito bem feitos

Ainda que eu ame o Christopher Lambert no filme de 95, é um alívio ver um chinês de chapéu de palha e olhos brancos como o Raiden. Kung Lao e Liu Kang com suas roupas parecidas com os jogos também são um doce aos olhos.

Kano manteve a personalidade criada originalmente no filme de 95 (como um austríaco boca suja). Talvez seja a pessoa que mais entretém em seu papel, sendo desprezível e nojento sempre que possível.

Seu arco onde finge ter algum tipo de redenção apenas para voltar a ser vilão me pareceu redundante. Mas se isso significa mais tempo de tela para ele, eu estou feliz. Kabal está maravilhoso também, apenas isso.

Outros nem tanto…

Que diabos era aquele mini Godzilla que decidiram chamar de Reptile?

É só isso mesmo.

A saga do ilustre desconhecido Cole Young

Como publicado na página do facebook do blog, uma das primeiras coisas que descobri ao pesquisar sobre o Mortal Kombat (2021), era que o desconhecido Cole Young não era um personagem novo dos últimos títulos da série. Mas sim um personagem que foi criado unicamente para o filme, a pedido dos produtores da Warner.

É nesse momento que você percebe que a direção da Warner não aprender NADA com o Snyder Cut, que vai continuar achando que sabe mais que os fãs e a produção criativa sobre a obra original.

Com isso, acompanhamos toda a narrativa do filme pelos olhos de uma pessoa que não conhecemos nem nos importamos. Enquanto personagens como Liu Kang, Sonya Blade e Jax, conhecidos e já queridos pelos fãs, estão jogados para escanteio.

A coisa é ainda pior com Johnny Cage, que lentamente escalou como um dos favoritos (muito em parte pelo primeiro filme da série) e foi relegado para um mero “bait” para sequência.

Uma fisgada no mercado chinês

Fica claro em perceber que o primeiro rascunho do filme era feito para encaixar o Johnny Cage. Alguém buscando se provar como lutador de artes marciais, que acaba jogado em um torneio cósmico para defender a terra de forças de outra dimensão.

É difícil não jogar a carta “token étnico” aqui, mas parece que a escolha do ator britânico, de ascendência chinesa, foi feita de modo a mirar no bilionário mercado chinês. Fazendo uma ponte e evoluindo a narrativa inicial dos clãs de Sub-Zero e Scorpion.

Pelo menos a mim, a narrativa de Young não convenceu. Pareceu o tempo todo que o rapaz tirava tempo precioso da tela enquanto esperávamos ver rostos mais familiares.

Harry Potter sem Harry Potter

Como é possível fazer um filme de Mortal Kombat SEM o torneio do Mortal Kombat? É um conceito tão simples que não tem como imaginar que deve ter se repetido diversas vezes na sala de criação. Por que ninguém deu ouvido para essas vozes sensatas?

Sem o torneio, o filme parece que se perde na introdução até pouco tempo antes de acabar. Ficamos esperando o tempo todo o torneio iniciar oficialmente, ainda que as lutas ocorram com frequência entre personagens diferentes.

Mortal Kombat (2021), uma conclusão

Por horas emocionante, por vezes arrastado. Mortal Kombat (2021) é um passo a frente em adaptações cinematográficas de jogos digitais, mas ainda não é um esforço suficiente para quebrar essa maldição.

Talvez, considerando os momentos e dificuldades dos dois filmes, não tenha sequer vencido a primeira adaptação de 1995, mas isso deixo para você julgar.

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