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Pérolas Esquecidas: Snatcher (Sega CD- 1994)

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Pérolas Esquecidas Snatcher (Sega CD- 1994)

Nesta edição de pérolas esquecidas irei falar sobre Snatcher, um dos primeiros projetos de Hideo Kojima. Além de um clássico absoluto dos esquecidos adventures para computadores exclusivos do Japão.

Essa nova coluna é uma experiência minha como parte de minha tentativa de contribuir com mais textos aqui para o blog. Nela, pretendo dedicar um espaço exclusivamente para relembrar clássicos esquecidos ou desconhecidos de jogos antigos. Me digam o que acharam!

Sem mais delongas, vamos ao jogo.

A criança esquecida de Hideo Kojima

Hoje lembrado principalmente pela série Metal Gear, Hideo Kojima ainda era uma jovem promessa entre os desenvolvedores da Konami. Que até aquele momento não era a mais tóxica desenvolvedora de games do mundo (para um fã de Silent Hill).

Ainda que Metal Gear já havia estrelado, o primeiro jogo da série havia sido lançado em 1987 para os computadores japoneses MSXII. O sucesso de seu primeiro jogo como diretor iria impulsionar a carreira de Kojima pulou para um próximo projeto. Em síntese, um adventure com temática cyberpunk feito também para MSXII.

Uma breve história da franquia Snatcher

No ano seguinte é lançada em conjunto para os computadores NEC-PC88 e MSXII a primeira versão do jogo. Devido a padronização de computadores localizados em diferentes regiões e marcas (algo inimaginável para o padrão PC-windows atual), o jogo teve apenas um sucesso de nicho no Japão.

O jogo teria uma série de relançamentos, incluindo uma bizarra versão J-RPG com gráficos chibbi que pra mim não faz nenhum sentido. Porém, seria apenas em 1994 que o jogo teria uma versão oficial lançada em inglês para o ocidente para o Sega CD.

A melhor versão de Snatcher

Ainda que a versão de Sega CD tenha sofrido algumas censuras a nudez e violência, ela é a menos censurada entre as versões para PS1 e Sega Saturn. Em vantagem ao seus antecessores para computadores.

O jogo contém novas cenas, um completamente novo terceiro ato e dublagens em inglês muito bem feitas para época. Por isso essa é a versão que recomendo jogar. Mas caso tenha uma dúvida, veja o vídeo abaixo comparando as diferentes versões.

Gameplay

Com uma mistura delicada de Graphic Adventure e Visual Novel, Snatcher nos entrega uma excelente história sem muita interação do jogador. O jogo tem diversos recursos interativos que eram uma experiência totalmente nova para a época.

Tudo no jogo com possibilidade de interação oferece uma chance de se aprofundar na história e em seus personagens. Porém o jogo não apresenta uma ramificação de enredos como é comum no gênero.

Em contrapartida a outros jogos do mesmo período que são mais impiedosos com os jogadores por tomar decisões erradas. Ainda sim é possível ficar preso no jogo por não interagir com os objetos “na ordem certa”, além de pelo menos uma chance de entrar num “beco sem saída” do jogo, obrigando voltar há um save anteior.

História

Com um enredo pra lá de complicado, Snatcher nos coloca cinquenta anos no futuro após um desastre ecológico destruir 80% da população global.

Nos jogamos na pele Gillian Seed, um policial com problemas de memória que consegue apenas se lembrar com dificuldade que é casado, e que trabalhava como Junker, caçando Snatchers.

Devido ao acidente, uma nova forma de vida artificial inteligente meio humano, meio máquina, toma a forma de corpos humanos e procura os substituir (em inglês, “snatcher” é algo como ladrão ou sequestrador.

Dessa forma, cabe ao jogador ajudar Gillian a desvendar seu passado e capturar os Snatchers que estão aterrorizando o mundo de Nova Kobe, uma nova sociedade no sudoeste asiático.

Referências

Não precisa ser um gênio para saber da influência mais óbvia de Snatcher, o filme Blade Runner de Riddley Scott. Porém, além de ser apenas uma cópia barata, Kojima também mergulhou no mundo da ficção científica da nova era.

O corpo dos Snatchers, uma vez descarnados de sua pele humana, lembram e muito os T8000 do primeiro Exterminador do Futuro.

SEGA CD Longplay #5: Snatcher Part 1 of 2 (Hideo Kojima Game) - YouTube

O nome parece também uma referência a “Invasion of the Body Snatchers” (vampiro de almas aqui no Brasil) lançado em 1956 com remake de mesmo nome (Invasores de Corpos em pt) em 1978. Ao passo que ambos os filmes falam de alienígenas que tomam a forma de suas vítimas.

Todos os filmes citados são adaptações de excelentes histórias de ficção científica. “Androides sonham com ovelhas elétricas?” de Phillip K Dick, Soldier From Tomorrow de Harlan Ellison e The Body Snatchers de Jack Finney, respectivamente.

Gráficos, estética e sonoplastia

Com uma estética única de anime típica dos graphic novels japoneses lançados para PC-88 e MSX. Snatcher nos brilha com cenas extasiantes de tecno-noir altamente inspirado pelos filmes que tão constantemente referencia.

Binary Domain é descaradamente uma “versão” moderna de Snatcher (Trailer) |  O Último em Pé

Com ângulos cinematográficos e escolha de cores simplesmente hipnotizantes. Snatcher nos mostra a ambição da carreira em cinema que Kojima tanto buscou quando jovem.

Tudo é coroado a perfeição com uma trilha sonora digna das imagens retratadas na tela. Com músicas que variam entre combustível de adrenalinas a outras que podiam muito bem estar entre coletâneas de “Chill Out” no Youtube.

Por que jogar Snatcher após todos esses anos?

Afinal, acho que todas as minhas recomendações dessa coluna irão se resumir a essa pergunta. Ainda que eu tenha certeza que nunca saberei respondê-la.

Snatcher foi uma das primeiras experiências com Adventures e Visual Novels que tive que me fizeram apaixonar pelo gênero. Terminei o jogo antes mesmo de assistir ao filme Blade Runner, por isso o game é uma experiência muito mais íntima a filme que o filme que o fez existir.

Certamente, há algo nesses belos gráficos de 16 bits de quarenta anos atrás, feitos em sua maior capacidade criativa. Que nos coloca diretamente num túnel do tempo onde esse tipo de arte teve seu melhor momento.

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