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Snyder Cut da Liga da Justiça: O que não se salvou

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Snyder Cut da Liga da Justiça: O que não deu pra salvar

Nem tudo são rosas no Snyder Cut de 4 horas do filme da Liga da Justiça do diretor Zack Snyder. Ainda que o filme apresenta uma melhora ENORME considerando a colcha de retalhos de filme que o precede, algumas coisas ainda continuam deixando a desejar.

Tá perdido? Leia meu artigo sobre o que melhorou no Snyder Cut

Respeito pela visão original do diretor à parte, ainda tropeçamos em vários problemas que se repetiram de outros filmes da carreira do diretor. (Que, prometo novamente, ainda escreverei sobre). Fica então minha opinião sobre o que não deu pra salvar nesse corte.

Presunçoso

Não há dúvida que Snyder tem uma opinião sobre si do mesmo nível que seus fãs mais cegos. Planos que permanecem na tela por tempo demais, fingindo terem mais importância que realmente tem (como o cântico nórdico). Slowmotion para as cenas mais corriqueiras do longa (como um esfregão caindo no chão).

Tudo isso faz o longa ficar muito maior do que ele realmente precisa. Ter mais tempo em tela para melhor desenvolver seus personagens é uma coisa. Desperdiçar nosso tempo com slowmotion de takes da virilha da mulher maravilha… realmente precisa?

Bruce Wayne e Aquaman

Ainda que muito superior à abertura anterior, a cena do recrutamento do Aquaman não faz muito sentido. Bruce, chega a pé, sem fantasia, na isolada comunidade que Aquaman protege. O tempo está ruim para voos e navegações, mesmo para a batwing ou outros apetrechos móveis do Batman?

Uma negociação desnecessária entre Bruce e o líder da aldeia prossegue enquanto nós, como audiência, E o Bruce, SABE que Arthur é na verdade o Aquaman. Eu sei que vivemos numa época em que identidades secretas já não valem muita coisa, mas me incomoda como justo o Batman não se dá ao trabalho de escondê-la mais.

As batalhas e abusos de CG-I

É legal ver intermináveis batalhas entre milhares de seres mitológicos numa imensidão geográfica… até certo ponto. Logo as diversas batalhas de monstros em CG-i (os gráficos digitais de computador) perdem a expressão e peso. Logo se tornam apenas um monte de figuras digitais se matando. 

Isso acontece tanto na batalha das Amazonas como contra os Parademônios. Não há diversidade, não há consequências. E é muito irônico que o Zeca tenha aderido ao tão criticado “raio laser central” presente em tudo que é filme de ação hoje em dia, principalmente da Marvel.

Lobo da Estepe teve uma repaginada em seu visual, mas ainda parece um embrulho de papel alumínio igual ao Ares em Mulher Maravilha. Com o diferencial que, quando bravo, aparece mais espinhos, tal qual um ouriço.

Flash

Ainda que seu arco original da Liga de Josuéltom tenha sido cancelado, o personagem ainda não se encaixa. Sendo uma versão ainda mais infantil e dependente do Homem Aranha do Tom Holland, suas piadas são sem graças e suas interações são um tanto constrangedoras.

Em sua primeira apresentação (sim, há mais de uma) vemos ele resgatar uma ainda desconhecida Íris de um acidente de carro. Eu não estive em muitos acidentes de carro, mas eu duvido que mantenha um semblante tranquilo no rosto tal qual a garota ao ser arremessado de rosto em direção ao asfalto.

As piadas e a relação em misto de paternidade com fanboyolismo com o Batman é muito pior do que a do Homem Aranha com Tony Stark. Todo momento que ele está na tela eu estou segurando para não morrer de cringe.

Cringe e “off comedy”

Aliás, essa é uma sensação constante durante o filme. A cena em que Cyborg está parado vendo a família retirar dinheiro, o tom da conversa de Flash com seu pai na cadeia, Mulher Maravilha falando “Kal-el naummm”… Mesmo as piadas de tiozão do Batman (que muitos pensaram ser apenas uma adição do Josuéldon) são dolorosas de se presenciar.

Talvez tenha sido pressão do estúdio ao cobrar Snyder por roteiros mais leves e engraçados, visto o sucesso da fórmula na produtora concorrente. De qualquer forma, nota-se que esse tipo de desenvolvimento de personagem não é o forte do diretor.

Marciano

Ok, você tem a chance de fazer um filme seu com quatro horas para explorar todos os personagens que foram negligenciados no último longa. Como diabos você ADICIONA mais personagens a trama unicamente para fazer nada com eles?

Os efeitos do Caçador de Marte são excelentes e eu adoro o desenvolvimento desse personagem no clássico desenho da liga, mas o que diabos ele fez durante o filme? Apenas impediu a Louis Lane de cabular trabalho e depois apareceu pra deixar um currículo na casa do Batman.

Sobre esse assunto o Cantinho do Caio já fez ótimas tirinhas e por isso, deixo a minha recomendação aqui.

Pode ser um desenho animado de área interna e texto que diz "ESSA NÃO, STEPPENWOLF JUNTOU AS 3 CAIXAS MAT MATERNAS! TENHO QUE FAZER ALGO. LOIS, VOLTE AO TRABALHO, AS CONTAS NÃO P ARAM. NÃO QUERO. MINHA PARTE EU FIZ!"

Filme muito longo? Ainda cabe um jabá!

Mesmo com o longa tendo quatro horas de duração, um bom naco final do filme (chamado livremente de epílogo) serve unicamente para vender MAIS SEQUÊNCIAS. Não bastasse todos os arcos que precisavam ser encerrados, todos os personagens desenvolvidos, Zeca precisava vender o jabá dele para tentar cavar uma sequência do que seria seu universo estendido.

Ao tanto tentar fugir da fórmula Marvel de apresentar todos seus heróis separadamente e uní-los num grande evento final. Zeca acabou tropeçando nos próprios pés e acaba correndo em círculos com sua ambição cinematográfica que nunca se completa. Que sempre espreme seus personagens e novas tramas dizendo “ainda cabe mais”.

É um filme ruim?

Reitero, a versão do Zeca é com certeza uma versão superior do corte que foi ao cinema. Mas ainda sim é carregada dos seus vícios cinematográficos e ambições que não se pagam no final. Quem é fã do cineasta com certeza irá aplaudir essa apresentação, mas eu certamente não teria terminado o filme se não fosse pra gerar conteúdo aqui.

Recomendaria um filme para um amigo? 

Caso ele não seja um fã religioso da DC ou mesmo um cinéfilo que queira aprender sobre o desastre que é uma produtora interromper um projeto autoral, com certeza não.

O filme final terminou com um gosto de uma série de episódios longos, que não se amarram em si e nem se quer termina num final conclusivo. Mas, sem dúvidas, é um resultado muito mais satisfatório que o corte inicial.

E o esquadrão suicida do David Ayer, em?

Quer saber, deixa pra lá…

Pode ser uma imagem de gato e texto que diz "Fãs curtindo o #SnyderCut David Ayer esperando aprovarem o #AyerCut"

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