A versão Snyder Cut da Liga da Justiça finalmente saiu. A tão pedida (e caçoada) versão do Zack Snyder chegou às plataformas digitais, reacendendo uma discussão antiga. Podemos finalmente ter uma ideia de qual era a visão original do diretor para o filme da Liga. Além de descobrirmos o que tinha de tão diferente da versão que foi a telona.
Consertou o filme? Mais do mesmo? Me acompanhe nessa saga de dois textos analisando esse filme de QUATRO HORAS Sobre o que melhorou no filme anterior e o que não deu pra salvar dessa saga memética de três anos.
Visão original do diretor
Por mais que eu não aprecie a direção de Zack Snyder (pretendo um dia fazer um texto só para isso) mudar um diretor no MEIO de um projeto é BURRICE. Ainda mais quando o diretor escolhido é Joss Wheldom, alguém que é quase o perfeito oposto do estilo do Zeca Snyder.
Como muitos outros erros em mídias geeks do passado, o problema já nasce com os produtores. Que pouco entendem da obra e de como abordar suas problemáticas. Uma vez que Snyder já havia mostrado seu projeto e construído boa parte de sua ideia, sua visão deveria ser respeitada no final.
A prova disso é o resultado final dessa obra que, para o bem ou para o mal, ao menos se mostra coesa com o que promete e se propõe a fazer. Vamos então analisar alguns pontos que foram melhorados nessa versão.
Ciborgue
O grande elefante branco dessa readaptação. É até ofensivo como o personagem foi esquecido na versão do Josuélton (único protagonista negro da liga, aliás). Nessa versão temos uma visão mais profunda do personagem, sobre o que ele passou e como se sente sendo fruto dessa nova vida cibernética.
Sua relação com o seu pai também foi muito melhor explorada no novo corte. Interpretado pelo talentosíssimo Joe Morton, talento basicamente desperdiçado até então. Vemos sua relação com o pai e o derradeiro momento de sacrifício que explica como a equipe pode encontrar a última Mother Box.
Flash
É NECESSÁRIO abordar esses dois personagens um após do outro, por me revolta saber que o Josuéldon largou o plot do ciborgue e seu pai para abordar uma fobia infantil do Flash de violência. Só arrasta a história desnecessariamente e não contribui com nada. Só alimenta mais a imagem de “bundão” que o Ezra Miller tem de Flash.
Sem esse plot line e com duas horas de filme a mais, Zeca Snyder pôde explorar os conflitos internos e necessidades do Flash. Uma paixonite por uma jovem Íris e a necessidade de conseguir trabalho e ainda tentar tirar seu pai da cadeia.
As Amazonas ao menos tentaram
Na versão original, a tentativa das amazonas de protegerem a Mother Box soa quase patética. Já nessa versão com o dobro de tempo, temos uma longa sequência de ação que mostra todo o poder e resiliência das guerreiras mitológicas e o verdadeiro trabalho que o Lobo da Estepe teve em sua missão.
A destruição do templo, com boa parte das guerreiras ainda nele, tem um peso ainda maior. A presença do vilão se constrói cada vez mais ameaçadora mostrando o que ele pode aguentar e sobreviver. Toda a cena evolui num crescendo de adrenalina, risco e imposição do antagonista.
Cenas de ação e lutas em geral
A cena das amazonas mereciam um destaque em especial, mas no geral todas as cenas de ação estão melhores dirigidas. Zeca Snider tem esse entendimento de como deve seguir uma cena de ação, que elementos devem chamar a atenção e quais não. Numa luta do Bátema, vemos sua arminha de gancho cair e ficando em primeiro plano, uma dica que ela será reutilizada na mesma briga.
Essa sequência de coreografia de luta: Simples, clara e direta, é reconfortante de se ver. Existiu nos outros filmes do Zeca, foi ponto alto na série do Demolidor e é um prazer de se assistir. Já passou da hora de aposentar as nauseantes cenas de lutas com câmera tremendo, que são o verdadeiro câncer de filmes de ação dessa década.
Alguns pequenos personagens a mais
É legal ver o Marciano fazendo uma ponta no filme (irei falar mais sobre isso no próximo texto sobre o filme). Também tivemos a chance de ver a imponência de Darkseid, mesmo que ele não seja o vilão principal.
Também vale se aprofundar em mais detalhes sobre os deuses gregos e os Lanternas Verdes engrandecem o longa. Nos mostra como o universo é expandido e vivo, mesmo além da história principal.
Mas sem dúvida passar mais tempo com outros personagens como Alfred, interpretado brilhantemente por Jeremy Irons, é um gracejo. Até mesmo alguns diálogos mais sofisticados e espirituosos brotam na tela nesta versão extendida.
Parademons e Batman
Uma das narrativas que ”escorreu” pela versão do Josuéldon mas que foi melhor expandida no Snyder Cut da Liga da Justiça. Ao contrário da primeira versão curta do filme onde os parademônios são apresentados numa cena entre o Batman e um criminoso, matando completamente o suspense da relação.
Em contrapartida, temos uma chance da história se construir na versão estendida. Em contrapartida, vemos os demônios alados aparecem poucas vezes em situações misteriosas, alimentando a paranóia e o suspense. Mesmo rabisco dos avistamentos dos parademônios que parecem com o Batman parecem menos cartunescos.
O roubo da caixa mãe humana
Substituindo a cena onde a caixa é simplesmente levada sozinha pelo Lobo da Estepe quando ninguém estava vendo. Vemos agora toda uma complexa narrativa não só para tentar guardar a caixa, como para fazer alguma forma de encontrá-la mesmo se o vilão a levar.
Essa oportunidade de arrumar detalhes que antes eram embolados na versão do cinema se repetem por essa narrativa. Dessa forma mostrando como algumas destas histórias precisavam de mais tempo para respirar em uma versão maior.
Snyder Cut Liga da Justiça, a salvação?
Quem leu a review até agora, pode pensar que eu tive uma impressão positiva da versão estendida de 4 horas do Snyder Cut da Liga da Justiça.
Infelizmente essa é uma leitura errada dos acontecimentos que eu irei explorar melhor na segunda parte dessa análise em: “O que há de errado no Snyder Cut.
Nos vemos no próximo artigo.