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Será Star Wars na verdade uma m… (parte 2)

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Será Star Wars na verdade uma merda

Muito bem, voltei aqui com a segunda parte daquele tão polêmico texto destinado exclusivamente a esculhambar toda a franquia Star Wars do cinema. A pergunta que fica é, será que nem mesmo a trilogia original pode se salvar dessa destilação de ódio?

Me acompanhe nessa conclusão dessa saga épica de haterismo e veja como Star Wars fica melhor APESAR dos esforços constantes de George Lucas de arruinar a saga. E saiba como o sucesso do primeiro filme não passa de um grande golpe de sorte.

Se você tá vacilando mais que o Jar Jar Binks defendendo o fascismo no Senado Intergalático e ainda não leu a primeira parte, basta clicar no link abaixo:

Será Star Wars na verdade uma merda?

 

Trilogia Clássica, a verdade finalmente vem a tona

Okay, até então tudo que eu fiz agora foi brigar com bêbado na descida. Todos os filmes que apresentei até agora tem falhas claras que só sendo um fã muito cego para negá-las. Ainda que você possa desfrutar de certos elementos em especial, seria necessário uma boa dose de fanboyolismo para negar seus evidentes defeitos, mas o mesmo não pode ser dito da saga original do Star Wars, não é mesmo? Bem, então vamos começar pelo mais fácil… Episódio VI – O Retorno do Jedi não é tão bom quanto você lembra.

Harrison Ford, incontestavelmente excelente ator, volta cansadíssimo para o terceiro filme da série e sua falta de esforço está bastante evidente durante as gravações. É difícil entender como era naquele momento tendo em vista que hoje em dia, fechar um contrato bilionário numa franquia longa de sucesso é o que muitos atores almejam. Mas nos anos 80, ficar associado a um só papel poderia destruir uma carreira (Mark Hamill nunca conseguiu outro papel relevante na atuação, apenas fazendo dublagens de desenhos animados).

O mais estranho é que Ford a essa altura já havia deslanchado dois de seus personagens famosos (Deckard em Blade Runner e Indiana Jones), aparecido em Apocalipse Now e tinha engatilhado o projeto de fazer “A Testemunha”. De qualquer forma seu asco de se manter na produção de Star Wars custou ao filme, o desempenho de seu personagem mais interessante.

Ursinhos carinhosos vietmnamitas

Outro ponto desgastante do filme é a simbologia nada sutil de usar os Ewoks para ajudar os rebeldes a derrotarem o Império, numa referência clara a Guerra do Vietnã. Onde a potência militar industrial americana perde a guerra para táticas de guerrilha de fazendeiros vietnamitas. O problema é querer usar URSINHOS DE PELÚCIA como parte desse simbolismo. E mais uma vez essa decisão esdrúxula veio diretamente do George Lucas para que a saga Star Wars seja MAIS APELATIVA AO PÚBLICO INFANTIL. ARGGGHHHH!!

Qualquer fã seboso de Star Wars vai apontar pro fato que a batalha do Retorno do Jedi era pra ser feita com a raça dos Wookies, que de fato poderia ser bem interessante. Porém não rolou pois o estúdio não queria liberar fundos que bancassem as fantasias de wookies para todo mundo. Se você tem uma explicação racional do por quê de uma empresa dona dos dois filmes mais rentáveis da história da humanidade até então não conseguir bancar fantasias de macacos gigantes, mas ter dinheiro pra fantasiar um monte de anão em bichinhos de pelúcia, por favor me esclareça nesse exato segundo.

E antes que me esqueça, o filme se chama O Retorno do Jedi e Luke, como Jedi, não faz quase porcaria nenhuma o filme todo. Sem esquecer que Boba Fett more de forma desprezível sem ter feito praticamente nada na trilogia inteira.

BONUS TRACK, SPINOFFS DA TRILOGIA ORIGINAL

Antes de atacar os pesos pesados da franquia, só gostaria de ressaltar a tragédia que são os dois filmes dedicados inteiramente aos ursinhos carinhosos, digo, ao Ewoks chamados Ewoks – A Batalha de Endor e Caravan of Courage: An Ewok Adventure. Ambos roteirizados pelo próprio George Lucas e que não valem sequer minha atenção aqui de fazer um review desse insulto a integridade humana. Mas também vale mencionar o ESPECIAL DE NATAL DO STAR WARS, um filme “Há muito tempo atrás, numa galáxia muito distante” que por acaso comemora o Natal.

Talvez alguns de vocês respondam abusadamente com “Flintstones também comemoravam o natal. Que tudo seria apenas um simbolismo para a época festiva de curtir a família” e outros mimimi, tudo bem… eu entendo. Seria o menor dos problemas se, ao invés de desenvolver melhor os personagens já estabelecidos na série e suas relações entre si, o filme não passasse o tempo todo na casa dos familiares do Chewbacca. Com direito ao avô dele assistindo pornografia entre-espécies no meio da sala de estar.

 

Lembrando que os Wookies só se comunicam aos berros, algo incompreensível para humanos, e é basicamente isso que rola O ESPECIAL INTEIRO. A pior parte é ter reunido TODO o elenco principal apenas para fazer uma PONTA no filme.

Vamos lá, a duologia original…

Okay, eu pude comprar meu tempo até agora. Mas não posso evitar… é hora de falar dos dois filmes originais da saga que, realmente, são praticamente perfeitos. Uma Nova Esperança e O Império Contra-Ataca são excelentes filmes que reinventaram a ideia de se fazer Space Operas e ficção científica para o grande público. Tudo é claro, após afastar George Lucas do processo criativo e entregá-lo a mãos competentes.

Exatamente isso que quis dizer. O Império Contra-Ataca, nomeado por muitos fãs (eu não) como o melhor filme da franquia e entrando para o seleto grupo de filmes que muitos (eu geralmente não) dizem ser melhor que o original (Exterminador do Futuro, O Poderoso Chefão, Evil Dead). Uma pena que ele seja considerado pelo próprio George Lucas como o “pior filme da franquia”, talvez por ser o filme em que ele menos teve controle criativo (até então, claramente antes da compra do estúdio pela Disney).

Talvez o motivo seja o único filme até então que não tinha Lucas nem como diretor, nem como roteirista. Ainda se debate sobre qual foi de fato o papel de Lucas na concepção criativa do filme (Lucas era o produtor do longa). Há quem diga que a reviravolta de Vader ser pai de Luke fora ideia dele mesmo, o que é estranho visto que ele não havia pensado nisso enquanto escreveu o primeiro filme. Porém, pontos fundamentais da trama, como a resposta de Han Solo “eu sei” a declaração de amor de Leia fora um improviso de Ford que Lucas odiou e quase tirou do filme.

Uma “Última” Esperança

Vamos lá, o banquete final… a prova definitiva que George Lucas é o “senhor supremo da nerdice” como muitos defendem. Que ele é em si, incorporado, a grande mente por trás de Guerra nas Estrelas, e que só houve problemas nos filmes posteriores porque ele “se perdeu” de sua essência. Provavelmente muitos dos leitores que não toparam ler até o final, devem ter se atolado de argumentar coisas como: Uma Nova Esperança é uma obra de arte e fora completamente criada por George Lucas. Você não pode argumentar nada contra isso! Ora… vocês mal podem esperar…

É verdade que o filme fora escrito e dirigido por Lucas e que ele sozinho resistiu a diversas mudanças forçadas pelos produtores para manter original seu lindo sonho de conceber este bebê. E fora seu talento como diretor de “American Grafitti” que lhe deu munição para peitar o estúdio e fazer seu filme do jeito que ele queria. Ora, essa é uma história muito bonita para contar a si mesmo repetidas vezes até você mesmo fingir que ela é verdade. Porque tudo não basta de uma ilusão.

Para começo de conversa, George Lucas nunca teve a intenção de criar a franquia Star Wars e seu vasto universo do zero. Muito menos de criar o único filme originalmente chamado de Star Wars e depois passado a ser conhecido como Uma Nova Esperança. Sua ideia original era fazer uma adaptação dos quadrinhos de Flash Gordon. Porém nunca conseguiu os direitos autorais com o produtor (que foram passados para Nicolas Roeg fazer seu filme em 1980). Somente após essa negação, Lucas decidiu fazer sua própria Space Opera.

Do roubo de antigas ideias à lapidação de pessoas talentosas

Porém vale ressaltar que suas ideias não eram exatamente inovadoras. Havia destrinchado o livro O Herói de Mil Faces do mitólogo Joseph Campbell, adaptado as ideias básicas de Flash Gordon e adicionado influências do filme os Sete Samurais de Kurosawa e alguns westerns diversos. Até então não há problema algum ao se apoiar nos ombros de gigantes para criar algo grandioso. Certamente não podemos culpar Lovecraft por ser densamente influenciado por Edgar Allan Poe, Arthur Machen e Algernon Blackwood. Tendo inclusive ofuscado os dois últimos por em fama no ramo literário.

O problema de fato é que a ideia bruta de Lucas para Star Wars era bem… uma merda! E foi somente por estar cercado de diversas pessoas realmente talentosas que o filme pode realmente alcançar o status de clássico que tem hoje.

Lucas ainda se sentia inseguro com o primeiro esboço que tinha de roteiro. Então, num ato de iluminação divina, ele passou o rascunho para Gloria Katz e Willard Huyck que praticamente reescreveram todas as cenas de diálogos. Pponto extremamente fraco se lembrarmos das minhas críticas ao diálogo entre Padmé e Anakin e Gloria em especial, reconstruiu completamente a personalidade da Princesa Leia para transforma-la na mulher de garra e liderança como a conhecemos. Ambos não são reconhecidos oficialmente como roteiristas de Star Wars.

Roteiro pronto, qual o próximo passo?

Uma vez terminado o roteiro, Lucas começou a escalar seu time de atores. Mas, por algum motivo idiota, decidiu não chamar nenhum ator que já havia escalado em seu sucesso anterior, American Grafitti. Foi com a insistência do produtor Fred Roos que Lucas deu uma nova chance a Harrison Ford para estrear o pirata espacial Han Solo. Ao abandonar a carreira após American Grafitti, Ford trabalhava como carpinteiro próximo de onde Lucas fazia audiências para o papel.

É muito fofo imaginar que Lucas, por ter lançado um filme de extremo sucesso para época (o já citado American Grafitti), Lucas teria passe livre do estúdio para fazer o que quiser. Mas a cada atraso na filmagem e aumento de gastos de produção, fora Alan Ladd, Jr., então presidente da Fox, que manteve Lucas e sua produção funcionando, por acreditar no potencial da trama.

O filme que precisou ser reeditado

Terminado a pré produção do filme, Lucas chama seus talentosos amigos (entre eles os cineastas Brian de Palma e Steven Spielberg) para uma apresentação teste do material inacabado. E o filme… ainda era uma merda. Palma em específico odiou a primeira versão do texto amarelo. A saber, muito mais longo e demasiadamente ambíguo que a versão enxuta que ele escreveu e conhecemos atualmente. Mas o verdadeiro trabalho duro que salvou toda a produção foram com os anjos redentores que vieram a seguir.

Coube aos editores Richard Chew, Paul Hirsch e sobretudo a talentosíssima Marcia Lucas, então esposa de George Lucas, responsáveis por editar o filme. Adicionando cenas novas, reescrever diálogos e até reverter a ordem de algumas cenas para criarem drama, emoção e mistério. O canal do youtube RocketJump fez um completo estudo num vídeo ensaio que deixarei postado abaixo, vale muito assistir.

 

Somente estas pessoas já conseguiriam pegar o projeto fracassado de Lucas e transformar em algo genuinamente grande. Mas vale adicionar aqui espaço para falar do excelente trabalho do compositor John Willians com sua icônica música tema e Charles Lippincott por sua visão inovadora de marketing que faria Star Wars um fenômeno cultural.

Mas… Veja bem… é que…

Ainda não está convencido? Ora amigo, larga de teimosia, que coisa mais feia. Mas como cortesia, te darei mais um último exemplo de como George Lucas sozinho, só fez mal para a franquia Star Wars. É hora de falar das abomináveis reedições da primeira franquia. 

Em 1997, para fazer a franquia ficar relevante novamente e aumentar a ansiedade para o lançamento do inédito Episódio I. Que já tinha começado as gravações e seria lançado em dois anos. Lucas decidiu relançar a trilogia original nos cinemas, mas com algumas mudanças questionáveis na edição.

Não era a primeira vez que Lucas havia mexido em seus filmes. Alguns pequenos detalhes, como adicionar o título “A New Hope” no primeiro filme (até então lançado apenas como Star Wars). Mas dentre as mudanças estava a tão famosa cena onde Greedo atira primeiro (que eu já comentei neste texto aqui) e outras mudanças quando não inúteis, simplesmente distrativas. E ainda que os fãs já apresentaram protestos naquela mesma época, Lucas insiste no erro e adiciona o Vader gritando “NOOOOO” quando arremessa Palpatine para sua morte.

Star Wars só é o sucesso que é hoje por um golpe de sorte e a ação conjunta de um monte de gente talentosa. APESAR das constantes trapalhadas de George Lucas.

E antes que reclamem. Não falei da guerra dos clones porque desenho não conta.

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