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Pokémon Go: três anos depois

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Pokémon Go três anos depois

Prestes a fazer três anos de existência, decidi fazer uma revisita ao Pokémon Go, jogo que não utilizo desde os primeiros meses de lançamento. Quem estava inteirado na época do lançamento lembra da febre gigantesca e o fenômeno cultural que fora o jogo naquele momento. Eu inclusive escrevi um texto comentando muito sobre o impacto cultural de Pokémon Go na indústria de jogos digitais e suas problemáticas.

Hoje, pretendo revisar muitos dos pontos que abordei naquele momento e reavaliar o impacto que o jogo Pokémon Go de fato causou. Bem como ver se os problemas que o jogo enfrentava na época de lançamento e se de uma forma geral foram resolvidos ou contornados. Por fim vamos refletir sobre o que esse jogo representa hoje em dia.

Mais interatividade e novidades

A primeira surpresa para alguém que a muitos anos não entra no jogo certamente é o grau de novidades que foram adicionadas durante esses anos. O número de pokémons das novas gerações podem fazer os fãs mais tradicionais (eu incluso) torcer um pouco o nariz, mas como capturar novas espécies nos rende mais experiência e pontos dentro do jogo, quanto mais novos pokémons forem adicionados, melhor para nós jogadores.

Pokémon Go se tornou também muito mais cooperativo e interativo. Antes jogadores amigos da mesma equipe podiam no máximo derrotarem juntos um ginásio e lá colocarem seus pokémons. Hoje em dia é possível trocar presentes, pokémons e até mesmo batalhar. Sem comentar o advento das “Raids”, onde é possível capturar pokémons fortes e raros em conjunto. As missões também impuseram novos desafios e estratégias para ganhar mais pontos e experiência. De fato apenas mudanças positivas nesse âmbito.

Novos elementos, velhos problemas

Os problemas antigos de Pokémon Go que apontei no meu texto anterior se enumeram da seguinte forma:

1) Problema de oferta de internet.
2) Otimização do jogo.
3) Maior oferta de pokestops e ginásios.

Felizmente a oferta de pacotes de internet com limite e velocidades suficiente aumentou, fazendo com que não fosse impossível ter uma boa conexão e um pacote que sustente uma jogatina diária sem nos deixar sem internet. Outro detalhe positivo foi que a promessa da Niantic de aumentar o número de pokestops e ginásios foi cumprida, além de adicionar o recurso de coletar itens nos ginásios.

Porém a otimização do jogo ainda não está bem feita. Meu celular não é a máquina mais potente do mundo, mas consegue rodar diversos jogos tranquilamente, mas sempre tenho problemas de travamento e erros aleatórios. Eu sei que o imperativo dos jogos mobile hoje em dia é forçar a demanda de aparelhos mais potentes, mas Pokémon sempre foi uma franquia direcionada a portáteis devido sua facilidade de jogar, não a jogos de nova geração que demandam um hardware pesado.

O mundo não acabou

Talvez algumas pessoas não lembrem, mas existia um grande estado alarmante e apocalíptico com a popularização do Pokémon Go. De críticas mais populistas como a do apresentador Datena que bradava contra a banalidade do jogo, a mais estruturadas remanescentes da teoria da cultura de massa de Adorno e sua aversão à Indústria Cultural.

Diziam também que o futuro do videogame arte estava em jogo, outra acusação era que a constante alienação dos jogadores ao mundo real traria a realidade uma espécie de matrix onde as pessoas só vivem e experienciem a realidade virtual. Deixando completamente isolada as experiências reais.

Talvez nenhum advogado de defesa seja melhor do que a completa indiferença que o jogo trás hoje em dia. Assumindo o 97º lugar na lista de jogos gratuitos mais baixados no google play, Pokémon Go não é nem a sombra do que seus críticos mais fanáticos profetizaram. E de longe teve o impacto social ao longo prazo que fora imaginado. Qualquer pessoa suficientemente atenta perceberá que nossos problemas sociais atuais nos fazem ter saudades de tempos mais simples como os de Pokémon Go.

Jogos de Realidade Aumentada, nada mudou

Talvez o que mais tenha me entristecido nessa reflexão que propus aqui foi justamente ver quão pouco o mundo dos jogos de realidade aumentada ou alternativa evoluíram.

Night Terrors que foi o jogo que comentei no texto antigo conseguiu de fato ser lançado e parece muito bom (meu celular não conseguiu rodar), alguns outros jogos de terror mais genéricos ligados ao tema também foram lançados, mas nada muito surpreendente.

Alguns jogos copiaram a fórmula de Pokémon Go descaradamente, como Jurassic World Alive, Garfield Go e até Ghostbusters World, mas não vi um jogo que aproveitasse as mecânicas de Pokémon Go e tentasse construir algo original com a fórmula.

Conclusão

Acho que a principal lição que podemos tirar disso, é de que como devemos ser humildes nas nossas prospecções do futuro. Como devemos ponderar que um só jogo ou qualquer trend ou moda nova que aparecer não irá salvar ou destruir o mundo inteiro. Mas de qualquer forma, sempre terei a esperança de que poderemos esperar mais dos jogos digitais como mídia, e que seu impacto na cultura contemporânea é imensurável.

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