Gostaria de falar da minha personagem preferida, do meu jogo favorito da série. Lisa Garland em Silent Hill 1. Pretendo fazer um texto livre de spoilers até a conclusão do texto. Lisa é um personagem com uma história trágica e misteriosa que representa bem a estética sombria e enigmática do jogo.
Diferente dos outros personagens apresentados durante o jogo que aparecem no “fog word”, Lisa é a única que aparece apenas no “otherworld” (mundo paralelo e distorcido), enquanto todas as manifestações dos pesadelos de Alessa estão mais potencializadas.
Reparem no jeito e personalidade da personagem. Com um jeito hora calmo e afetivo, às vezes assustado e necessitado de proteção.
O que pra mim sempre foi o ponto alto da personagem em si, que a faz diferenciar potencialmente dos outros personagens apresentados na história do jogo, às vezes até é alvo de crítica por ser uma “idealização” da persona feminina, frágil e carinhosa.
Parte da função de Lisa na narrativa é fazer com que o jogador se questionar em qual mundo realmente está, perguntando qual dimensão é de fato a “realidade” e qual personagem fala a verdade, se ela ou Cybil, a contraparte mais séria e firme que traz um tom de sobriedade para a história quando estamos na realidade mais “séria” do jogo.
Com a cidade alternando de realidade constantemente no jogo, apenas no final, quando os pesadelos de Alessa entram em colapso e o jogador vai parar no “Nowhere”, Harry encontra o diário de Lisa e enfim é explicado quem realmente Lisa é. Aliás, a cena dessa explicação é para mim, uma das melhores cutscenes da geração 32 bits dos videogames.
Apenas uma representação simbólica
A Lisa que conhecemos no jogo não é de fato a enfermeira que cuidou de Alessa, mas sim uma idealização dela, por isso essa personalidade tão carinhosa. Lisa ao conhecer o porão do hospital, toma consciência que é mais uma das enfermeiras monstro.
Nesse momento, quando é afastada por Harry, ela se desfaz vazando sangue pelos poros até sucumbir completamente a sua irrealidade. Se voltarmos a sala depois, não encontraremos mais a bela personagem, mas sim apenas mais uma das puppet nurses do jogo.
Todo o contexto da história faz dessa cena, algo muito mais emocional e simbólico sobre uma despedida. Bem, a despedida de fato ocorre em um dos finais onde salvamos Kauffman desvendando a puzzle do hotel, destravando a cena onde ele chega a tempo da conjuração do deus em Alessa e atira uma garrafa do antídoto que achamos para ele no hotel, salvando sua vida até o momento
Unicamente para que ele seja puxado de volta ao caos da cidade pelo espírito enraivecido de Lisa. Vingando a enfermeira da vida real de além túmulo.
Confira a cena da transformação de Lisa no link embaixo.