Tradução de um artigo da Gamespot sobre a aula do professor Tore Olsson usando Red Dead Redemption para ensinar história americana.
Mais um artigo interessante que vi na internet e, ao invés de fazer uma cópia genérica com menos informação (como alguns sites aqui no Brasil preferem fazer), decidi traduzir na íntegra.
Ainda que exista uma barreira enorme no ensino brasileiro e no acesso do aluno a jogos digitais e plataformas modernas. Fica a experiência de aprender História jogando videogame, que tem tudo a ver com esse blog.
Conforme explicado, segue tradução abaixo:
Red Dead Redemption está sendo usado para ensinar História em uma faculdade americana
A matéria é uma das primeiras do tipo, ocorrendo na Universidade do Tennessee no outono.
Por Hayley Williams postado em Gamespot dia 14 de fevereiro de 2021.
O professor de história Tore Olsson está combinando seu amor por História e seu amor pelos jogos em uma nova aula de história na Universidade do Tennessee, intitulada “HIUS 383: Red Dead America.” A classe usará Red Dead Redemption e sua sequência como pontos de partida para explorar o período de 1899-1911 da história americana.
Em um tópico do Twitter explicando o que o programa da aula irá cobrir, Olsson admite que, considerados isoladamente, os jogos são “muitas vezes historicamente imprecisos”, mas ainda fornecem bons pontos de partida para a discussão de várias questões históricas, incluindo colonialismo, racismo e a ascensão do capitalismo monopolista.
Copiado de uma séries de tuítes do professor:
Embora muitas vezes historicamente imprecisos, os jogos abordam habilmente uma série de questões históricas cruciais no período de 1899-1911, tais como:
– O ‘mito da fronteira” e sua duração mesmo após seu fim
– A expansão do capitalismo monopolista e como as ferrovias ampliaram o poder corporativo
– As espantosas desigualdades de riqueza que se tornaram óbvias durante a “Gilded Age” (período entre 1870 e cerca de 1900 semelhante a Belle Èpoque francesa)
– “Colonialismo de ocupação” e a expropriação de terra dos povos nativos
– A construção da violência racial com as leis “Jim Crow” no Sul
– A Revolução Mexicana e seus impactos transnacionais
– A memória da Guerra Civil e a construção do mito da “Causa Perdida”
– O sufrágio feminino e seus oponentes
– Imperialismo americano e as expansões de 1898
– O cosmopolitismo da população americana, incluindo imigrantes chineses, mexicanos, italianos e alemães, entre outros
– Estereótipos de degeneração e pobreza do povo Apalaches ao lado da realidade de extração corporativa e expropriação de terras
– A privatização da policiamento civil e cumprimento da lei por meio da agência de detetives Pinkerton
– E MUITOS mais! Mas em poucas palavras, alguns dos maiores dilemas históricos da época
A inspiração e construção do curso
Olsson deu o crédito ao historiador Jonathan S. Jones por inspirá-lo a desenvolver a classe, depois que Jones escreveu um artigo para a Slate examinando como Red Dead Redemption 2 retrata e permite que os jogadores interajam com o passado racista dos EUA. Olsson diz que o curso não exigirá ter o jogo no PC ou no console, embora presuma que a maioria dos alunos já tenha jogado o jogo antes.
Em um tweet subsequente, ele explica que espera que o tratamento não ortodoxo da história ajude a atrair alunos de cursos “não históricos”. Olsson também espera que sua aula inspire outros professores a pensar em aulas voltadas para jogos que vão agradar mais aos jovens estudantes do que um programa tradicional.
Os jogadores que tiverem a sorte de frequentar a Universidade de Tennesee Knoxville poderão fazer o curso em agosto, enquanto o resto de nós terá apenas que esperar que Olsson libere o programa online para aqueles de nós que desejam acompanhar de casa.