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One X-Cellent Scene: A Intertextualidade de Logan

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One X-Cellent Scene A Intertextualidade de Logan

O youtuber e crítico de filmes Nando V Movies fez uma proposta para diversos youtubers no mundo todo para se unirem e darem cada um, uma descrição da sua cena favorita de um dos filmes da franquia X-Men. Irei descrever por que escolhi uma cena de Logan por utilizar com qualidade um conceito narrativo chamado de intertextualidade.

Como minha carreira de youtuber ainda está engatinhando, vou me contentar em apenas publicar um artigo sobre o tema, espero que gostem.

Um filme excelente para um hater dos mutunas

Pode parecer clichê escolher justamente o filme Logan, devido ao clamor crítico que o longa recebeu. E sim, não foi por falta de merecimento e conquista, ainda mais considerando os filmes que estão na disputa. Pois devo confessar que nunca fui fã dos X-Men.

Não, nem mesmo nos quadrinhos ou da aclamada animação dos anos 90 cheia de ação e com alta fidelidade às HQs, além de fazer parte do universo da animação do Homem Aranha da mesma época (que eu também odeio). A única mídia que me nutriu algum sentimento relacionado aos mutantes era X-Men: Evolution, com plena consciência que seu universo era completamente desconectado do seu material de origem.

Mas… a reinvenção das HQs no cinema!

Quando chegaram os filmes, eles também não me surpreenderam muito. Era parte do renascimento dos filmes de Super Herói no cinema (que se iniciara com Blade e Homem Aranha) e na minha jovem mente até causou alguma emoção, mas que foram esquecidos ao ponto de filmes melhores como Homem de Ferro e Cavaleiro das Trevas eram lançados.

Nem mesmo o tão aclamado Primeira Classe pôde me convencer. Todos os filmes da Fox alteravam entre o medíocre e o aceitável, e nada me convenceria que a produtora conseguiria lançar algo que preste. O lançamento de Deadpool em 2016 apenas me pareceu a exceção da regra. 

“Somente atravessando toda a diretoria e fazendo o filme por conta própria que sai algo que preste de lá”, pensava comigo. E foi então que finalmente tive um filme dos mutantes que realmente mexeu comigo.

O melhor filme dos mutantes

Escolhendo como inspiração, uma graphic novel violenta, repleta de elementos do Universo Marvel dos quais a Fox não tinha controle e com uma história desnecessariamente complicada (que, apesar de mutuna, eu também adoro), o filme teve o arriscado papel de fornecer uma narrativa mais realista e sombria. Que felizmente se mostrou acertada.

Já fiz um longo texto elogioso ao filme e sobre suas influências de filmes de velho oeste e road trips, portanto não pretendo me alongar demasiadamente neste tema. Mas a potência da cena final do longa traz um grande diálogo intertextual com o filme Shane, traduzido no Brasil como “Os Brutos Também Amam”.

Intertextualidade?

Também já abordei esse tema num artigo anterior sobre a primeira temporada de Justiceiro, da Netflix. A ideia é basicamente usar uma outra obra de arte narrativa como ponte, referência ou inspiração, para enriquecer a narrativa da história que está se escrevendo.

Muito mais do que apenas uma referência jogada no meio da trama, os métodos para se fazer isso podem variar bastante.De citações, alusões e epígrades, a sátiras, paródias e samples. Quando bem construído, a nova narrativa pode usar da referência da anterior para enriquecer a si mesma, e até recontextualizar o tema abordado anteriormente.

O primeiro contato com Shane

Na primeira cena em que somos apresentados ao filme Shane em Logan, ocorre um outro tipo de intertextualidade. Logan descobre que Laura coleciona revistas dos X-Men que, na realidade do filme, são versões romantizadas e cartunescas de eventos que parecem ter ocorrido de verdade.

Logan se sente ultrajado pelo passatempo da garota, dizendo que na vida real “pessoas morrem”, essa passagem serve não para desprezar o material de origem em que o personagem é baseado. Mas para fazer um contraste sobre a seriedade do universo em que os personagens estão situados.

Shane e a essência do indivíduo

A história principal de Shane é sobre um pistoleiro aposentado que procura trabalho honesto numa pequena fazenda, procurando deixar seu passado sombrio para trás. Porém o conflito inevitável contra posseiros desonestos acaba colocando o protagonista novamente na rota de violência, sendo necessário novamente seus serviços como pistoleiro. O filme encerra com o monólogo emblemático que é apresentado no Logan e se repete na cena final em forma de eulogia. 

Não de forma ocasional, a cena antecede o ato quando Logan, Xavier e Laura fogem do hotel e são amparados por uma família de fazendeiros no interior. Assim como em Shane, a família tem problemas com posseiros e Logan tem de intervir, reiniciando seu ciclo de violência. Mas, como dito antes: “aqui as pessoas morrem” e a violência que Logan trouxe para a família causa a morte deles pelo clone X-24.

A cena X-celente

Somente na cena final, no velório de Logan, que a narrativa de Shane seria reutilizada com intertextualidade. O conflito mais aberto do filme (talvez de todo o universo mutante) é como seres humanos com habilidades extraordinárias representam um perigo para pessoas “normais”. Refletindo a narrativa de armas e pistoleiros no vale. Shane insiste em seu filme que armas são uma ferramenta, tão boa ou ruim como aqueles que a utilizam.

Vendo Laura recitar o monólogo de Shane em forma integral podemos imaginar que o filme apenas faz uma alusão de Logan como o pistoleiro e Laura uma versão genderbend do pequeno Joey, onde o discurso serve de aviso a garota crescer forte e justa, afastada dessa violência, mas a intertextualidade mostra uma realidade ainda sombria.

Laura sabe que seu destino não será diferente de Logan. Ela também é uma arma e uma assassina. Suas mãos estão sujas de sangue e por isso, para sempre marcada pela sina do assassinato. Destinada a seguir os mesmos passos solitários daquele do qual ela fora clonada. Com os mutantes conseguindo se refugiar para além das montanhas, enfim, não há mais armas no vale.

As palavras finais

Um homem tem de ser o que ele é, Joey. Você não pode quebrar o molde. Eu tentei e não funcionou para mim.

Não há vida após o assassinato. Não há retorno após isso. Certo ou errado, é uma marca, uma marca que gruda. Não há como voltar. Agora você corre para casa, para sua mãe e dia a ela, diga que tudo está bem, e que não há mais armas no vale.

 

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