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Maratona: O Melhor do Crime Nacional – Ep. 01: Ópera, uma Pétala de Flor

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Como parte da divulgação do livro que eu estou participando, um grupo seleto de blogues parceiros da Editora Luva se propôs a fazer uma maratona descrevendo um pouco do projeto e de quatro histórias em especial que irão compor a antologia. Hoje iniciaremos a primeira postagem relacionada ao projeto!

Cada dia o interesse por histórias de crime, investigação policial, mistérios e serial killers aumenta entre os brasileiros e podemos imaginar os motivos para nosso recente apego por esse gênero, afinal, a arte é respiro e também espelho de nosso tempo e do que mais vemos em nosso cotidiano. Mas não são apenas as séries e filmes que caíram na nossa graça, a literatura segue cada vez mais venturosa, somando apaixonados por um belo cenário Noir.

Então, não é atoa que a proposta da antologia O Melhor do Crime Nacional, organizada por Tito Prates e o Vitto Graziano (editor da Luva) recebeu mais de 100 contos, tornando árdua e muito prazerosa a tarefa de escolher 15 histórias para formar o time junto ao organizador Tito e aos convidados Wellington Budim e Paula Bajer.

Agora, o projeto encontra-se no Catarse, para que além de um livro incrível, os leitores também recebam mimos que vão de um caderno com couro sintético (com porta esferográfica e 80 folhas pautadas no formato A6), bolachas de chopp bem sanguinárias e até um postal fofo e brincalhão, com inspiração na máfia italiana. No projeto gráfico, além de uma ficha de escritores digna de uma investigação policial, o livro contará com desenhos para cada conto ao estilo “sin city”, onde a ilustradora foi buscar inspiração.

E para dar início a nossa maratona, temos o primeiro relato sobre um crime cometido, digo, escrito, onde o escritor Humberto Faria Lima, nos coloca por dentro do processo de escrita de seu conto Ópera – Uma Pétala de Orquídea.

Quando falamos de contos, a primeira coisa a surgir é uma ideia e ideias são coisas poderosas. Você sabe que uma ideia é boa quando algo dentro do seu íntimo vibra e você se pega pensando incessantemente nessa ideia. Logo surgem de maneira desconexa (pelo menos no meu caso), detalhes da história que vão se encaixando até fazer sentido.

Para mim, esses detalhes surgem como cenas de um filme. Literalmente eu vejo tudo que escrevo por mais horrível que seja. Mas vai além disso. Não é só a narração crua de algo observado. Existe todo um trabalho de pesquisa para dar profundidade ao personagem, local e tempo histórico onde ele está inserido. Meu conto se passa na São Paulo da década de 30, no contexto da República do Café com Leite, então li os principais fatos que aconteceram no período para compor a história.

Tipos de roupas, veículos, bebidas, cigarros, a maneira como a mulher era tratada, tudo isso entra para enriquecer o conto. Outra coisa que gosto muito em meus contos é de causar um clímax, onde pretendo surpreender as pessoas pelo inusitado ou horrível. Escrever é dançar com as palavras e usar o termo certo no lugar certo de maneira a hipnotizar o leitor, é um jogo de equilíbrio delicado, um xadrez onde você sabe suas peças, mas não conhece as do outro lado. Escrever é libertador e todo autor quer ser lido.

Trecho do Conto – Ópera, uma Pétala de Orquídea

— Eu não acho adequado uma mulher fazer o tipo de trabalho que deve ser de um homem.

O coronel tirou um maço de cigarros feitos a mão e puxou um, acendendo-o com uma pederneira de prata. Olhou a matrona bem no fundo dos olhos antes de responder.

— Dona Maria Augustina de Cavalcanti, Magdalena é um detetive de capacidades impressionantes. Ela tem um tipo de memória que poucos possuem, grava cada detalhe do que foi visto, chegando a conclusões impressionantes!

Dito isso, ele chamou a moça de cabelo loiro bem cuidado.

— Por favor detetive! Faça uma análise do casal Cavalcanti!

A jovem olhou para os dois por alguns segundos e se voltou para o chefe com um olhar carregado de desespero.

— Posso transmitir minhas impressões apenas ao senhor, coronel Alvares? Ele foi categórico.

— Não! Fale para que todos ouçam.

Gostou? Para apoiar o projeto no catarse e garantir que esse livro ganhe vida acesse: https://www.catarse.me/crimenacional

Para saber mais sobre o autor, acesse: https://web.facebook.com/humberto.fariadelima

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