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Crítica ao idealismo platônico em 500 Dias com Ela

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500 dias idealismo platônico

500 dias idealismo platônico? Entenda como o filme 500 dias com ela (500 days of summer) nos mostra como o idealismo platonismo romântico arruína relacionamentos.

O que, não acredita? Pois então… vamos a história.

500 dias de idealismo platônico

Platão é mais conhecido pelo mito da caverna, uma história que conta como que homens que viveram para sempre em uma caverna, ao observar apenas as sombras projetadas na parede, acreditam que as sombras são o objeto por si e que defenderão esse tipo de ideia com a vida, caso essa certeza seja ameaçada. Para uma explicação melhor, vejam esse vídeo legendado por minha pessoa.


A intenção de Platão ao criar essa anedota é demonstrar que nós, assim como as pessoas presas na caverna, apenas vemos os meros reflexos das coisas, e que há uma realidade acima de nós, abstrata, que contém as formas perfeitas. Isso se reflete em toda a filosofia dele. Basicamente dizendo que há um modelo perfeito e idealizado e nosso objetivo é ascender mais próximo ao modelo de perfeição, isso funciona para sua filosofia moral, política e… para o amor.

 

Platão e o Amor

Em seu livro “O Banquete”, Platão simula um grande debate fictício entre personalidades reais e fantasiosas e na voz de um dos personagens é contado o mito da unidade primitiva do homem, onde antes os seres eram uma dualidade em si mesmo (duas pessoas em uma) e que após um evento, todos foram separados e são responsáveis de vagar a terra a procura de sua metade para serem por fim, unidos de novo.

 

Esse processo é claro, se passa pela projeção dos desejos de si mesmo em outra pessoa e a idealização de algo perfeito que torna a pessoa em questão uma parte de si mesma, sufocando a própria criatividade criadora do outro.

 

Tá, mas e o filme?

É essa ideia em mente que Tom Hamsen projeta em sua vida amorosa, uma grande busca pela idealização de si mesmo em alguém que leva o personagem a ser fisgado pela bela  personagem de Zooey, Summer Finn.

 

Summer não só é linda, mas seu gosto musical semelhante ao de Tom, faz com que ele projete seu desejo em Summer e então idealiza que poderia ter um relacionamento duradouro com ela, mesmo ela deixando claro que não é sua intenção.

 

E Summer? Qual a dela?

Summer além de ter como trauma a separação violenta de seus pais, vive em uma especie de hedonismo, uma teoria da filosofia moral pré-socrática baseada em Epicuro que privilegia a preservação da felicidade pela parcimônia. Por isso Summer não se relaciona tão intensamente com qualquer um, deixando as coisas seguirem seu rumo mais tranquilamente.

 

Referências cinematográficas externas

Além da não linearidade da narrativa, outro elemento no filme que adiciona bastante ao enredo é fazer alusão a outras obras do cinema para transpor uma mensagem do filme em si. Um deles é sobre a obra “Sétimo Selo” de Ingmar Bergman, onde um templário que vive durante a Peste Negra propõe um jogo de xadrez com a morte, o qual acaba perdendo.

 

No filme, ao fazer uma sátira do Sétimo Selo, o personagem de Tom joga xadrez com um cupido, fazendo uma correlação da luta e negociação dos dois protagonistas em aceitar a inevitabilidade dos acontecimentos. Para o templário, a morte e para Tom, o fim do relacionamento.

Tem esse vídeo que legendei que tira sarro, mas também explica um pouco esse filme do Bergman.

 

Final aberto

O filme encera por fim com o protagonista, após uma longa jornada de trabalhar o ressentimento de ter um amor não correspondido que se casou, arrumar um novo emprego com algo que ele realmente se dedique e ao encontrar um novo amor que ironicamente também tem o nome de uma estação (outono), gerando mais um ciclo narrativo para o personagem.

O personagem de Tom aprendeu sua lição e irá rejeitar a visão idealizada do amor para fortalecer uma visão mais natural e afirmativa do amor?

Vivendo em sua plenitude imperfeita? Ou talvez ele não tenha aprendido sua lição e isso significa que a vida é uma grande experiência cíclica onde não aprendemos com nossos erros? Talvez signifique até projetar seus desejos de Summer na nova personagem.

O final é uma obra aberta, e como disse no meu texto sobre qual a possibilidade de Batman ter matado o Coringa em A Piada Mortal.A sua leitura do final da obra pode dizer mais sobre você, do que a obra em si poderia dizer.

500 dias idealismo platônico

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