Entre o final dos anos 80 e o começo dos anos 90, o terror e o horror foram uma constante na temática de diversos jogos de ação. Conheça os principais jogos do gênero que definiram o rumo da história.
Splatterhouse, Altered Beast e o horror como temática em jogos de ação
Se por um lado os computadores pessoais estava apostando em narrativas assustadoras em jogos com pouca jogabilidade para entregar uma experiência de terror emocionante. Os fliperamas apostavam em jogos de ação e adrenalina com temáticas horripilantes e violentas para devorar fichas.
Altered Beast (1988) da Sega se apropriou da Mitologia Grega em seus momentos mais obscuros para distorcer a narrativa de um herói em resgate da princesa de um poderoso bruxo.
Em um jogo com gráficos fotorealísticos (para a época) e com vozes sintetizadas que eram novidade, para época.
Já Splatterhouse bebeu da fonte dos slashers dos anos 80 e criou esse misto de violência gráfica e adrenalina numa narrativa que, ironicamente, também envolve o resgate de uma donzela em apuros.
Castlevania e o horror nos plataformers
Ainda que nascido nos computadores japoneses, Castlevania (1986) iria ditar as regras dos jogos de plataforma para consoles com temas de terror.
A franquia, junto com Metroid, criaria o subgênero que hoje se chama de “metroidvania”, uma legião de jogos influenciados (alguns diriam cópias) que se inspiraram em suas mecânicas mais básicas até mesmo os dias de hoje.
Se inspirando e expandindo o mito original do Drácula de Bram Stocker, além de influências mais diversas do mundo da literatura gótica, Castlevania construiu uma amálgama de mitos que concretizou um clássico supremo dos jogos digitais.
Mortal Kombat, Night Trap e a censura nos jogos digitais
Assim como o berço do horror no Cinema Americano foi flagelado pelo Código Hays que se tornaria mais rígido em 1934 e passaria a censurar as cenas mais violentas na telona. O videogame sofreria com o mesmo problema. Sendo perseguido pelo senado americano no começo dos anos 90, e dois jogos seriam os principais culpados.
Mortal Kombat (1992) com seus gráficos realistas, baseados em captura de movimento com atores reais, trazia um novo patamar de violência gráfica para os fliperamas e consoles caseiros, ao mostrar espinhas e corações ainda pulsantes sendo arrancados com as próprias mãos.
Night Trap (1992) por outro lado, pareceu servir de bode expiatório tendo sua premissa simplista completamente distorcida para se encaixar numa completa perversão e violência que nunca estiveram no jogo.
Ambos foram vítimas da auditoria do senado americano para violência nos jogos digitais e foram responsáveis pela criação do sistema ESRB que, ainda que tenha organizado a faixa etária indicativa para os jogos, podaram as contribuições mais extremas dessa forma de mídia.
Diablo e o horror nos RPGs de ação
Mesmo após tanto tempo depois dos primeiros RPGs a flertarem com o gênero terror, o primeiro Diablo (1996) atualizaria o conceito para os RPGs de ação famosos no ocidente, com uma temática gótica e sombria que, infelizmente, se perderia nas edições posteriores.
Ainda sim, o prazer de entrar numa cripta secreta dentro da pequena capela de uma pequena cidade medieval e descer por caminhos secretos enfrentando uma horda infinita de demônios e seres malignos até descer a porrada no Demônio em pessoa, é um prazer difícil de descrever.
O impacto na indústria do jogo foi tamanho que uma série de jogos tentaram emular a sua experiência com resultados variados, entre eles Nox, Dungeon Siege e Vampire the Mascarade: Redemption.
Blood e o horror nos FPS clássicos
Desde os primeiros FPS (First Person Shooter, ou joguinhos de tiro para o público nacional) que o gênero já flertava com o terror.
Há um toque de suspense ao percorrer sozinho os corredores da prisão nazista em Wolfenstein 3D (1992), isso para não falar na viagem para literalmente o inferno em Doom (1993).
Mas é em Blood que a experiência em horror com FPS chegaria em seu profundo êxtase. Ao incorporar um zumbi que renasce do túmulo através de um contrato com o demônio em busca de vingança contra o culto satânico que o sacrificou.
É tudo que a mídia sensacionalista sempre acusou de existir nos jogos digitais mas que nunca tivemos a chance de desfrutar até então. 😂
Outros jogos seguiriam a temática de horror com FPS com em Hexen, Quake e as sequências de Doom.
CONTINUA
Ainda teremos mais artigos sobre Uma Breve História dos Jogos de Terror, com RPG e adventures voltando na história. Mas por hoje é só, no futuro irei postar outras partes da história.
Quer uma descrição mais detalhada? Confira minha série sobre a história do terror nos jogos digitais:
O horror como gameplay antes do Survival Horror (1980 – 1989)
O Horror como temática em jogos de Ação e Aventura (1982-1992)
O horror atmosférico dos Adventures (1989 – 1998)
Os bizarros jogos RPG de terror japoneses
Parte 1 e Parte 2