Fallen London pode ajudar no ensino de inglês! Entenda como esse jogo imersivo e gratuito acessado no navegador pode te ajudar.
Mais uma vez fui sequestrado pelo meu tema de TCC na especialização de Literatura Inglesa e Ensino de Inglês e não tive tempo para me dedicar a um texto para o blog.
Então, para o dia não passar em branco, fiz um ajuntado de algumas contribuições que dei no fórum de atividades da minha pós graduação e um extenso trecho do meu tema de TCC, que por enquanto é surpresa ainda.
Fallen London como atividade de ensino de inglês
Fallen London é uma excelente experiência narrativa, mas poderia ele ser usado como uma atividade que auxilie o ensino de lígua inglesa? É o que pretendo demonstrar no texto de hoje. Texto dedicado a todos professores de inglês que querem utilizar jogos em sala de aula, com um gancho interdisciplinar para anexar aulas de literatura também!
Como o texto faz parte do meu TCC, dessa vez teremos até referências bibliográficas.
Como é o jogo
Fallen London é um jogo desenvolvido pela Failbetter Games e funciona diretamente no navegador de internet, podendo ser acessado pelo link: (http://fallenlondon.storynexus.com/). O jogo é uma plataforma gratuita de fácil acesso que se destaca dos demais por ser completamente focado na história e narrativa como texto, não tendo nenhuma interação física ou sistema de batalha. Toda sua mecânica e interação são feitas através de escolhas do jogador durante a história do jogo, que é toda escrita em inglês. Cada jogador pode construir sua própria história do jeito que achar melhor.
Eu já comentei sobre o jogo num artigo sobre a interconectividade de Fallen London com o maravilhoso e impedoso Sunless Sea, bem como suas referencias literárias. Dêem uma olhada:
Literatura e Interconectividade em Sunless Sea e Fallen London
O jogo funciona de forma semelhante aos jogos de role playing, com a diferença que os status do personagem não são “força”, “magia” ou “agilidade”, como é comum nesse tipo de jogo, mas sim delimitações mais ligadas ao mundo real como “persuasivo”, “sombrio” e “perigoso”. A forma como o jogador distribui esses pontos delimita como será seu comportamento no decorrer de sua história.
O propósito da atividade
Minha proposta de atividade é ter ao menos uma aula expositiva do professor explicando o funcionamento básico do jogo que, apesar de bastante simples, pode assustar os jogadores novatos de início. Com a mecânica do jogo bem explicada, deve-se propor que cada jogador jogue o jogo ao menos uma vez ao dia e ao término de uma semana, redigir uma redação relatando como foi sua experiência, aonde a história o levou, quais escolhas fez e o que achou da experiência.
A função do professor de inglês aqui é auxiliar os alunos no vocabulário rebuscado do jogo, prestando esclarecimentos do significado de algumas palavras de mais difícil compreensão fazendo uma espécie de glossário para as palavras mais difíceis. Para uma melhor agilidade e dinâmica de grupo, é uma sugestão que se crie um grupo online onde os jogadores e o professor troquem experiências conforme o desenrolar do jogo.
Literatura e leitura como aprendizado de inglês
Essa experiência se baseia no Método da Leitura, onde o ensino da língua estrangeira é baseado na habilidade de leitura de textos sob um contexto estabelecido, desenvolvendo o exercício de tradução e extensão de vocabulário, dando um destaque menor para uma análise gramatical (MOROSOV, MARTINEZ, 2012).
Portando, essa atividade usa a literatura e a leitura como modo de ensino da língua. Apesar do jogo não ser exatamente a experiência de leitura de um romance por sua característica de hipertexto, o jogo se desenrola em uma grande história com personagens envolventes onde o jogador age ao mesmo tempo como leitor e escritor, enriquecendo a experiência.
O ensino de literatura é um ambiente conflituoso na escola, como aponta Cosson (2009):
(…) o lugar da literatura na escola parece enfrentar um de seus momentos mais difíceis. Pàra muitos professores e estudiosos da área de Letras, a literatura só se mantém na escola por força da tradição e da inércia curricular, uma vez que a educação literária é um produto do século xix que já não tem razão de ser no século XXI. (COSSON, 2009, pg. 20).
Portanto a proposta aqui é conciliar o ensino de inglês com o ensino de literatura ao passo que faz uma proposta de modernização do ensino da obra literária para mídias digitais contemporâneas, mostrando que a expressão literária se mantém viva em outras mídias. Acima de tudo, serve para aprender o uso da língua inglesa em sua maneira mais dinâmica, ao observar o modo de como ela é usada em narrativas, descrições e conversas, e as consequências que as palavras tomam nas decisões do jogador em sua interação com o mundo, visto que o jogo é sobre avançar a história por forma de escolhas.
Integração e multidisciplinaridade com o professor de literatura
Diante dessa proposta de trabalho de ensino de inglês aliado com a literatura, também há uma proposta de trabalho em conjunto com um professor de literatura, especialmente a literatura inglesa e norte-americana. O mundo de Fallen London é baseado numa Londres vitoriana após uma grande inundação que transformou geograficamente e socialmente a cidade. Toda essa atmosfera do jogo é baseada em grandes clássicos da literatura anglo-americana.
Criaturas comuns da ficção povoam o mundo imaginário da cidade, como monstros lovecraftianos e vilões e aventuras dignas dos contos de Edgar Allan Poe, além de uma leitura social precisa que se assemelha muito a obra de Charles Dickens. Esses itens podem despertar o interesse dos alunos nesse tipo de imaginário fantasioso e misterioso e favorecer os alunos a se interessarem pelas obras da literatura inglesa e americana que a inspiraram.
Cabe então ao professor fazer a ligação entre a inspiração dos jogos com as obras e fazer a sugestão de leitura de contos, conforme o interesse do aluno com o projeto. Fazendo uma contextualização e leitura crítica da obra, tanto do jogo como dos livros.
Justificativa da atividade
O jogo fallen london é uma plataforma gratuita de fácil acesso que se destaca dos demais por ser completamente focado na história e narrativa como texto, não tendo nenhuma interação física ou sistema de batalha. Cada jogador pode construir sua própria história do jeito que achar melhor.
O jogo é por si uma experiência interativa que traz opções de interação entre a comunidade ou uma narrativa individual, enriquecendo o vocabulário por ter uma linguagem rebuscada, incentivando não só o letramento lúdico do aluno, mas também o letramento literário.
Caráter de avaliação da atividade
Pelo caráter experimental que é o aproveitamento do jogo como atividade, é fundamental ao professor aceitar a experimentação e erro do aluno como um processo de teste de hipóteses e interação com a obra, de forma a buscar uma aprendizagem pessoal. (MOROSOV, MARTINEZ, 2012).
Portanto, além da avaliação da redação final, que irá discorrer sobre a experiência do jogo, deve ser feito uma análise formativa e contínua que seja capaz de identificar as dificuldades de entendimento enfrentadas pelo aluno.
Bibliografia
COSSON, Rildo. Letramento Literário: Teoria e Prática. São Paulo: Contexto, 2009.
DEWEY, John. Experiência e Educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979.
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
MARQUES, Florinda Scremin. Ensinar e aprender inglês: O processo comunicativo na sala de aula. Curitiba: InterSaberes, 2012.
PEREIRA, Tayane Kizze dos Santos. A Importância do Letramento Digital nas Aulas de Língua Inglesa. 2011. Disponível em: http://revistas.ufpr.br/revistax/article/viewFile/24187/16920. Acesso em 10/9/2016.
SILVA, Alexandre Vilas Boas da; FERNANDES, Frederico. Leitura em Jogo: Considerações Sobre o Ensino de Literatura e Jogos Digitais no Paraná. 2016. Disponível em: http://revistas.fw.uri.br/index.php/revistalinguaeliteratura/article/view/2066. Acesso em 11/09/2016. Acesso em: 11/09/2016.
SILVA, Cláudia Helena Dutra da. Uma proposta de letramento para o ensino de língua estrangeira na escola pública. 2008. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/16864. Acesso em: 14/09/2016.
SILVEIRA, Larissa de Sousa. Ensino e aprendizagem de língua inglesa e recursos tecnológicos: um estudo sobre os processos de retroação e irreversibilidade. 2012. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/18271. Acesso em 18/09/2016.