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Carta de amor ao horror em Black Mirror – Playtest

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Quem acompanha o site a algum tempo, já deve ter percebido que eu sou um inveterado amante do horror, seja ele em qualquer mídia… jogos, filmes, literatura e até quadrinhos. E qual carta de amor mais tenra e carinhosa ao gênero horror do que esse segundo episódio de Black Mirror?

O episódio começa despretensioso com um presságio mínimo, o protagonista está fugindo (literalmente) de algo triste que deixou em casa. Ele então embarca numa divertida aventura turística pelo mundo como forma de se auto conhecimento. Mais tarde sabemos qual é exatamente o motivo de ele ter ficado tão disposto a abandonar sua casa em nome da sua aventura, mas não é sobre isso que essa resenha trata.

Por problemas com dinheiro, o personagem busca um “bico” que possa cobrir suas despesas para voltar pra casa, e então somos apresentados a um inovador jogo de terror com realidade virtual feita por um excêntrico porém genial produtor de jogos japonês que revolucionou a indústria de games.

Sim, Não é preciso muito esforço para entender que toda essa ideia é uma grande homenagem ao produtor Hideo Kojima e seu projeto cancelado na Konami chamado Silent Hills. Toda a ambientação do jogo experimental segue a tendência que a indústria tomou após o cancelamento desse jogo (do qual já comentei aqui), como uma ambientação que relembra bastante o jogo “Layers of Fear”.

Na simulação, o personagem está preso numa mansão do século XIX do estilo vitoriano, um ambiente típico de histórias de horror do período romântico. Ele e a instrutora do jogo discursam um pouco sobre literatura da época, enquanto o personagem admira uma coleção de contos Edgar Allan Poe, autor famoso do período, casualmente deixado sobre a mesa.

Ironicamente ou não, o protagonista abre o livro não num conto (que é o que deixa a entender o título do livro), mas numa poesia de Poe chamada “O Corvo”, um poema sobre um apaixonado que não consegue se esquecer de sua amada que morreu. Quem assistiu o episódio já captou qual a ligação com o poema.

Finalmente, o filme também presta uma homenagem (ou faz uma paródia, dependendo do ponto de vista) ao modo como o horror é abordado no cinema, com o uso já batido de jumpscares, até o enquadramento das cenas (a porta do armário e a porta do quarto) já preparam o espectador para o uso do recurso. Porém, como os filmes bons geralmente fazem, somos surpreendidos com a subversão do tema.

Após brincar bastante com os medos mais íntimos do personagem (e por consequência, da maioria de nós), o episódio entra num ciclo caótico de finais falsos e acaba terminando com um final aberto à interpretação que confunde até os mais cinéfilos fãs de horror psicológico. Trazendo no pacote completo uma definitiva carta de amor para os fãs de horror nas mais variadas mídias narrativas.

Gostou da análise? Eu analisei também o primeiro episódio da série chamado Nose Dive em uma colaboração com o site Fscociety. Para acessar, basta clicar nesse link, ou no link abaixo.

http://fsocietybr.com/porque-precisamos-assistir-black-mirror/

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