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Novos Mutantes, o último fracasso da Fox Marvel

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Novos Mutantes o último fracasso da Fox Marvel

Novos Mutantes, o último fracasso da Fox Marvel. Programado para sair em 2017, sendo vítima de diversos atrasos e contratempos na produção. Recebemos finalmente um filme que desperdiça o talento dos atores e de premissas narrativas. Tudo enlatado numa obra que parece ter passado na mão de várias produtores e escritores com ideias conflitantes.

Venha se despedir da Marvel Fox em todo seu esplendor. Lançando mais um filme genérico que fez a Disney abandonar quase completamente qualquer sequência dos mutantes em seu universo expandido.

Mostre, não conte

Talvez seja a primeira lição que todo produtor de audiovisual deve aprender. O cinema é uma narrativa visual, a maior parte de sua história deve ser apresentada por ações, não por alguém despejando textos e explicações de forma tediosa. E essa lição definitivamente não foi aprendida nesse filme.

Logo no início do filme somos apresentados a uma narração em off (quando o narrador não está presente na cena) narrando aquela estorinha sobre cada pessoa ter um urso mal e bom dentro de si. Típico de publicação de autoajuda que a gente vê nossos pais publicarem em redes sociais.

Posteriormente vemos uma criança que acabou de acordar de um pesadelo onde sua casa parece explodir, seu pressuposto pai a acorda repentinamente e ambos saem correndo para a floresta, sem nenhuma explicação. Até o momento, não sabemos exatamente nada sobre aquelas pessoas.

Os ilustres desconhecidos

Tivessem aproveitado o voice-off e o substituído por uma cena do pai com a criança, onde ambos conversam casualmente sobre essa historinha ruim. Teríamos pelo menos alguma intimidade com estes personagens que agora vemos em apuros.

Porém, ao iniciar o filme com essa cena de ação sem contexto, estamos completamente desinteressados no que está acontecendo. E esse é um problema que irá se repetir no decorrer do filme com outros personagens em apuros que nós tampouco sabemos deles.

E o pior de tudo, a história sobre o urso bom e mau é chave fundamental da narrativa do filme. Se você baseia toda sua história num clichê de auto ajuda, sabemos que teremos grandes problemas pela frente.

Historiador Geek

Um bolo com muitas mãos

A Marvel Fox inovou no quesito de fazer um filme remendado, que parece ter várias refilmagens, mesmo que nunca tivesse cenas refilmadas de fato. Parte dessa proeza na arte de fazer filme ruim veio com a ideia de remendar o filme já na pré produção, ao invés de refazer quando ele já estava pronto. Deixe-me explicar:

O filme foi idealizado por um único roteirista e também diretor Josh Boone em parceria com Knate Lee, seu amigo de infância. Porém já na pré produção, diversos pedidos para reescrever pontos chaves da história.

Dentre as ideias originais, haviam participações de personagens já consagrados da franquia como Professor X e Colossus (irmão da personagem Illyana Rasputina). A narrativa flertava entre um misto oitentista de John Hudges (Clube dos Cinco, Curtindo a Vida Adoidado) e um terror influenciado por Stephen King, o resultado…

Desperdício de terror

O resultado foi um filme cheio de sustos vazios e jumpscares. Não é segredo que o filme tenta se parecer com o remake de It – A Coisa (que por sua vez tenta se parecer com Stranger Things) e acaba se tornando mais um desses filmes genéricos de terror como “A Freira” entre outros.

Assim como no começo do filme, não há profundidade psicológica no desenvolvimento dos personagens. Pouco se sabe da sua história até o momento o momento do susto, que não tem nenhuma preparação ou ambientação. Mesmo que, no papel, a construção das personagens Wolfbane e Magik são muito bem construídas. O problema todo está na execução.

Desperdício de Talento

Assim que foi compreendido a intenção de fazer um filme de terror adolescente, vemos que o a escolha de elenco foi feita com perfeição. Temos em Illyana a maravilhosa Anya-Taylor Joy, famosa por protagonizar o excelente Bruxa (2016) e o aceitável Fragmentado (2016)

Com a ideia de copiar Stranger Things, nada melhor que pegar um de seus jovens atores para a trama, e o escolhido fora Charlie Heaton para o papel de Míssil. Maisie Williams, que faz Lupina no filme, não tem relação com o terror, mas foi imortalizada em Game of Thrones.  

Os dois atores mirins menos conhecidos foram uma escolha pessoal do estúdio de favorecer minorias representadas por seus personagens, uma atitude nobre. Mas desperdiçada no desenvolvimento dos personagens (algo como o latino ser a única pessoa a fazer deveres domésticos).

Desperdício de referências

Não importa se você tenta roubar se inspirar em bons filmes. Se você não entender o que faz a obra original ser boa, você acaba fracassando até mesmo na cópia. Já falei sobre Clube dos Cinco mas sem metade do carisma. Há a cópia do remake de It (que copia Stranger Things, que é em si, uma amálgama das adaptações dos anos 80 de Stephen King). Um inception de 4 fases de cópias e referências.

Porém outro clássico é surrupiado. Não é segredo que vemos uma pitada de “Um Estranho no Ninho”, mas a dinâmica entre o autoritarismo da enfermeira Ratched e a rebeldia de McMurphy é completamente desvirtuada no longa.

No clássico vencedor do oscar, a rebeldia incansável do personagem de Jack Nicholson é dispersada entre a passividade depressiva da garota principal, e a pirralhice de Illyana. A figura frágil da enfermeira, mas que emana autoridade através do sistema psiquiátrico e seus seguranças, é substituída pela onipotência solitária da doutora, que é apenas uma pau mandada de uma força invisível que nós sequer chegamos a conhecer.

Conclusão

Dessa forma, o resultado é o clássico filme ruim de super heróis onde os produtores metem a mão da pré produção. Um misto de pequenas narrativas que querem ser diversos filmes diferentes, e acabam falhando em todas elas.

Enquanto Novos Mutantes tem uma premissa muito interessante e flerta com ideias incríveis de seus personagens. Inegavelmente acaba falhando em se aprofundar em qualquer uma delas. Dessa forma, acaba deixando um velório da Fox Marvel pelo que ela sempre foi: Sem inspiração, completamente perdida e com dedos gordurosos de produtores arruinando o produto final. Não deixará saudades.

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