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HQs e Webcomics nacionais

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Dia 30 de Janeiro foi o Dia da HQ Nacional e digamos que somos bastante prolíficos nessa área. Desde o mundialmente conhecido Maurício de Souza com suas histórias direcionadas ao publico infantil até Mirza, a mulher vampiro, famosa HQ de terror popular por essas terras nos anos 60 e 70, temos inúmeros exemplos de ótimas histórias e ótimos escritores.

Hoje então iremos dar atenção especial para essa escola nacional de arte sequencial e citar duas recentes e premiadas graphic novels e alguns webcomics nacionais que valem a pena ficar de olho. Espero que gostem dessa pequena lista.

Beladona-de-Ana-Recalde-e-Denis-Mello1

Beladona

Criado originalmente como conteúdo do site Petisco (onde é possível ler de graça um generoso pesado da história) e impresso com qualidade e um formato… um pouco diferente (18,5 × 30,0 cm). Beladona surpreende pelos ótimos desenhos vívidos e assombroso de Denis Mello e um roteiro e diálogos densos criados por Ana Recalde.

 

Beladona é uma história de horror com forma própria, que encontra fonte em contos e folclores nacionais mas que também referencia obras americanas e japonesas. Conta a história de Samantha, uma típica garota diferente e introvertida que é hostilizada pelas crianças típicas. Samantha também sofre com fortes e expressivos pesadelos que a atormentam por toda sua vida, e é nesse ponto que considero o grande destaque da graphic novel.

 

Contrapondo a visão “realista” e sóbria do dia a dia da garota, distribuída metodicamente em quadros fixos, a representação dos pesadelos de Samantha são mais expressivos e ilimitados, se assemelhando a grandes pinturas surrealistas e abstratas as vezes. Cores frias e tons escuros tomam vida e impressionam o leitor. Uma ótima recomendação a fãs de histórias em quadrinhos brasileiras de terror.

capa

Daytripper

Talvez a obra brasileira mais conhecida, vencedora de um Prêmio Eisner que é basicamente o Oscar dos quadrinhos. Daytripper é uma jornada emocional na vida de Brás, jornalista e escritor. Cada capítulo é um fragmento que leva o protagonista a sua inevitável morte, mostrando diversas possibilidades narrativas para sua vida e sempre terminando com uma nota de falecimento, as mesmas que o personagens escreveu em um período de sua vida.

 

Com essa premissa sombria, pode parecer que a história mergulha diretamente na melancolia com um olhar fúnebre que exalta a morte, mas na verdade a sensação de passar as páginas da obra nos passam exatamente o contrário. Pequenos trechos de história cheio de vida, experiências e afetos. Não há como não se emocionar com a história de Brás, sua família e seu final irônico.

 

Não há como não resenhar essa obra sem mencionar o polêmico plágio cometido por Daytripper a obra menor “Feliz aniversário, feliz obituário”, de Jefferson Costa e Rafael de Oliveira. Apesar do tamanho diminuto da obra original, as semelhanças são estruturais e o caso pior por os criadores de Feliz aniversário tenham sido alunos dos criadores de Daytripper. O blog “melhores do mundo” já fizeram um edital comentando o assunto que faz desnecessário qualquer comentário sobre o caso, resta ao menos os leitores prestigiar também essa bela obra que originou a famosa Graphic Novel.

 

Webtirinhas

Um formato que conseguiu grande sucesso no Brasil, talvez pela maior facilidade de difusão e menor preço, nos trás grandes escritores que, mesmo em poucos quadros, conseguem transparecer tantas emoções e as vezes humor.

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Mentirinhas

Talvez o exemplo mais versátil da lista, Mentirinhas de Fábio Coala transcende entre o bobo e simples, como piadas de “saco de pancadas” com segundas feiras, a histórias completamente emocionais e densas em pouquíssimas ou até mesmo nenhuma linha de diálogo, como é o caso de “O Monstro”, um dos primeiros sucessos da página.

 

Recentemente um outro trabalho de Coala que também é muito belo chamado de “Perfeição” foi adaptado para um curta europeu que percorreu diversos festivais artísticos. A adaptação e a tirinha original podem ser acessadas nesse link.

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Um Sábado Qualquer

Tendo um modelo mais semelhante ao de quadrinhos semanais de jornal, Carlos Ruas usa um humor leve e simples para falar de algo que é considerado um enorme tabu no Brasil, a Religião.

 

As vezes pendendo para um deísmo animista como do filósofo Spinoza ou satírico como de alguns iluministas, outras caindo diretamente no neo-ateísmo de Dawkins, Um Sábado Qualquer imagina as deidades como personagens atrapalhados e bastante humanizados. Com defeitos, vontades e as vezes rivalidades.

 

Mas engana-se quem imagina que esse humor possa ser considerado ofensivo para cristãos. A própria tirinha passa pela premissa de que tem de existir um deus (ou deuses, dependendo do caso) para que se possam fazer piadas. E não há ataques gratuitos diretamente a religião ou seus deuses, mas sim fanáticos, fundamentalistas e simplesmente pessoas ruins que usam a religião para fins igualmente ruins.

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Cantinho do Caio

Confesso que, dos webcomics, este é meu favorito. Cantinho do Caio é o que exatamente passa, um projeto pessoal e autoral de Caio onde o mesmo se sente na liberdade de desenhar e fazer piada do que lhe vier a mente, quase sempre relacionado ao mundo dos quadrinhos ou a cultura pop em geral.

 

Um exímio satirista, consegue publicar imagens em tempo recorde sem nunca perder o timing da piada. Chegando a idealizar, escrever, pintar e publicar um quadrinho horas depois do lançamento do teaser, mesmo que o teaser tenha sido vazado durante a madrugada.
Uma das pequenas séries publicadas e que eu gostei muito foram os “All-New, All-Diferent, All Hipsters Marvel Heores”, satirizando a tentativa da editora de relançar algumas histórias com apelo para o público jovem. Nos desenhos dele, os heróis são re-imaginados em contrapartes hipster, rolando até uma série de origins. Caio também tem projetos mais extensos e detalhados no catarse.

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