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Graphic Novels com protagonistas femininas

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Há uma grande profusão de títulos de graphic novels para jovens adultos onde garotas de forte personalidade protagonizam história. Tomando distancia e desacreditando a ideia de que quadrinhos são uma mídia narrativa exclusivamente para o setor masculino, ou sequer apenas para histórias de super heróis. Conheça algumas Graphic Novels com protagonistas femininas!

Longe de ser um guia definitivo ou um ranking das melhores histórias. Essa é apenas uma modesta lista de ótimas histórias que li recentemente, mas que não pude pensar num artigo inteiro só para elas. Então, em homenagem ao dia da mulher, aqui vai uma lista de 5 Graphic Novels com protagonistas femininas.

Lost at the Sea – Bryan o’Malley

“Raleigh teve sua alma roubada por um gato, ao menos é isso que ela acredita.”

É com essa informação que começamos essa graphic novel que estreou a carreira de Bryan O’Malley no ramo. Nele acompanhamos a história de Raleigh. Uma tímida garota de 18 anos que está numa viagem de carro da Califórnia até o Canadá com pessoas de sua escola das quais não tem certa intimidade.

Porque ler Lost at Sea

A HQ é uma daquelas histórias de amadurecimento, também conhecidas como “Coming to age” na gringa. Um tipo de história que todos passamos na vida. Em mais uma daquelas histórias de road trip onde o caminho por si só é a aventura, e não seu destino. Acompanhamos as frustrações e inseguranças da personagem com suas companhias, suas amizades, seu relacionamento a distância e com a vida em si.

Bryan consegue captar perfeitamente o sentimento caótico e conflituoso da adolescência. Onde o mundo parece que vai desmoronar a cada segundo. Porém com o decorrer da história, a protagonista cresce e aprende a aceitar todas as dificuldades de sua vida. Percebendo que no fundo estamos todos sem rumo, perdidos no mar.

Na Vida Real – Cory Doctorow e Jen Wang

Anda é uma jogadora exímia do RPG online Coarsegold. Nele, Anda consegue projetar todas suas conquistas, constrói sólidas amizades e passa a maior parte de seu tempo logada. Porém tudo na vida de Anda muda após ela conhecer um “goldfarmer”. Um usuário do jogo que sua única função é minerar itens de qualidade para vender em dinheiro real, o que o jogo proíbe. No entanto, a protagonista logo descobre que o sustento de uma família chinesa depende dessa pessoa, e logo tudo começa a ficar mais complicado.

Porque ler Na Vida Real?

Anda é o retrato claro de todo adolescente que passa a maior parte do seu tempo em jogos online. O modo como o roteirista trata o choque cultural de Anda, que vive no Canadá, com a realidade social e econômica chinesa é também muito bem trabalhado. Mostrando os desafios de uma economia muito mais instável e fazendo-nos questionar o que tomamos como certo e moral.

Na Vida Real também foge dos padrões básicos de histórias com protagonistas femininas, como a obrigação de conflitos amorosos. O jogo é uma grande carta de amor aos jogadores de MMO e tem a ensinar uma coisinha ou outra sobre como as relações do mundo real afetam o mundo digital.

Placas Tectônicas – Margaux Motim

Em uma espécie de Graphic Novel autobiográfica, Margaux conta história de uma mãe de 35 anos lidando com uma recém separação, mas não como uma pobre alma sofrida como nas maiorias das comédias românticas, mas sim como uma forte mulher independente.

Porquê ler Placas tectônicas?

Margaux apresenta uma nova abordagem para um tema completamente batido que é o término de relacionamento e o início de um novo amor enquanto lida com as responsabilidades diárias. Enquanto todos lidam de forma penosa numa grande odisseia de autoflagelação, Placas Tectônicas é um divertido passeio pelo autoconhecimento e auto afirmação.

A própria estrutura da HQ é fora do comum, onde não há os traços delimitadores dos quadros, fazendo com que todos os desenhos em uma página fluem livremente, fazendo uma excelente analogia ao tema de liberdade proposto pela graphic novel.

Beladona – Ana Recalde e Denis Melo

Samantha é uma garota que sofre de terríveis pesadelos desde os 7 anos. Fazendo terapia desde a infância para tentar entender a raiz de tão sombrios pesadelos, a personagem acaba mergulhando numa complicada trama envolvendo seus familiares e uma misteriosa personalidade.

Porque ler Beladona?

O único quadrinho brasileiro da lista! A HQ merece menção já pela sua estética única que varia entre o mundo real mais “pé no chão” com traçados e quadros de espaço simples, com um mundo de pesadelo agressivo e escuro onde as técnicas de desenho lembram gravura em carvão.

É uma grande homenagem aos quadrinhos de horror que foram famosos no Brasil nos anos 60 e uma ótima história para se ter guardada.

O Fantasma de Anya – Vera Brosgol

Vencedora do prêmio Eisner e Harvey, a história circula em volta de Anya, uma garota filha de imigrantes que ainda está tentando se ajustar e fazer amizades no novo país quando cai num poço esquecido onde encontra uma fantasma que morreu quando tinha aproximadamente sua idade. A amizade das duas se fortalece enquanto a fantasma de Anya o ajuda no seu dia a dia, porém levando a uma reviravolta surpreendente.

Porque ler O Fantasma de Anya

Se os prêmios mais badalados da indústria das HQs não te convenceu ainda, é notável dizer que a graphic novel é o balanço perfeito de uma autobibliografia de uma jovem imigrante russa tentando se acostumar a vida nos Estados Unidos assim como a autora viveu em seus primeiros anos, com uma história de suspense e mistério perfeito sobre o fator sobrenatural da trama.

A jovem fantasma, merece ser confiada? É ético usar um elemento sobrenatural para conseguir se dar bem em provas ou procurar novas amizades? Para auxiliar nessas descobertas o livro conta com uma estética maravilhosa em roxo e preto com um traço simples e muito belo comum as graphic novels de jovens adultos. Uma recomendação certeira.

Espero que tenha gostado das minhas recomendações de Graphic Novels com protagonistas femininas.
Leia meu artigo sobre protagonismo feminino nos quadrinhos da Marvel!
https://historiadorgeek.com.br/index.php/2016/02/25/marvel-e-o-protagonismo-feminino/

 

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