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Acertos e Erros de Esquadrão Suicida

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Mais uma vez temos um filme de larga fã base dividindo opiniões entre críticos e fãs e gerando todo tipo de polêmica. Esquadrão Suicida levou uma nota bem abaixo no site Rotten Tomatoes fazendo até alguns fãs da Warner/DC fazerem uma petição para derrubar o site do ar.

 

O filme não é um desastre, mas alguns erros claros foram cometidos na produção e claro, alguns acertos claros estão no filme, vamos mais uma vez ponderar os erros e acertos do filme nessa série do site que já é clássica.

 

Acertos

Como sempre, iremos pelo lado positivo das coisas.

 

Pistoleiro e Arlequina

De longe os melhores personagens do filme. Will Smith tem grande liberdade para trabalhar seu personagem balanceando piadas sarcásticas com cenas sérias de drama e violência e, o que ao menos pra mim é uma coisa boa, nos faz pensar em como seria se o personagem de Um Maluco no Pedaço, imortalizado por ele, teria se comportado se tudo na vida desse errado (vale lembrar que o personagem tem um fim meio perdido no último episódio de sua série).

 

Margot Robbie é também um poço de simpatia e carisma. Apesar de um roteiro fraco e uma escrita unidimensional para a personagem a atriz consegue convencer qualquer pessoa de seu talento, fazendo qualquer cena em que a moça está presente muito melhor. Apesar da constante tentativa de erotizar a personagem que as vezes fica um pouco desconfortável, quando Robbie tem a chance de brilhar, ela não a perde

 

Trilha Sonora

A trilha sonora está incrível, diria até impecável. Posso estar enganado, mas diria que é uma grande influência de Guardiões da Galáxia que mostra o poder de músicas que foram grandes sucesso no passado ainda tem hoje em dia e podem dar o tom das cenas. Ainda que o uso de algumas esteja meio perdido nesse filme. É uma trilha sonora que vale a pena escutar durante o dia.

 

Personagens Individuais

Viola Davis é também uma excelente Amanda Waller, mas isso já era visível em outros papéis que a atriz interpretou, apenas o seu olhar convence como personagem. Diablo e Capitão Bumerangue também tem ótimos momentos que infelizmente são subaproveitados por terem pouco para desenvolver.

 

Eu particularmente gostei da liberdade que tomaram com a personagem Magia, mesmo também abusando do potencial sexualizado da personagem. Até a dancinha que ela faz enquanto está evocando a máquina destruidora do mundo eu achei que cabia na história, por estabelecer ela como uma deidade antiga, o que não cabia na história é outra coisa que mencionarei mais a frente.

 

Erros

Pois bem, sem mais massagem, vamos aos defeitos que o filme apresenta.

 

Montagem bagunçada

Muito pior do que foi em Batman V Superman, a montagem de Esquadrão Suicida está completamente perdida. Alguns personagens são apresentados duas ou três vezes durante o filme enquanto alguns quase não tem tempo de tela. O personagem Amarra aparece menos que muitos figurantes e o ator que deixou o papel de Steve Trevor em Mulher Maravilha para atuar nesse filme aparece apenas em uma cena, e nem sequer tem um nome.

 

É constante a sensação de que existem dois filmes diferentes lutando para ter atenção. Um com tons mais coloridos e humorísticos e um com um tom bem mais sombrio. O motivo para tais erros parece estar claro, houve uma série de refilmagens após o mal recebimento da crítica americana para BvS e diversos testes com públicos diferentes para testar qual escolha de montagem seria apropriada para o filme. Infelizmente o que tivemos no final é um retalho de ideias e não um filme coeso.

 

Coringa perdido e sub aproveitado

Reclamação constante entre diversos fãs, o Coringa de Leto teve pouquíssimo tempo de tela e suas cenas foram severamente cortadas. Talvez o que tenha piorado a situação foi o grande aumento das expectativas dos fãs com o personagem, visto que todos os trailers davam maior enfase ao personagem, deixando a acreditar que ele seria a maior ameaça do filme. Os cortes foram tantos que o Coringa de Leto tem mais tempo de tela nos trailers do que no próprio filme, pois algumas cenas dos trailers foram cortadas do filme.

 

As notícias sobre o preparamento do personagem também contribuíram para a ansiedade. Jared Leto fez um extenso trabalho de laboratório (quando o ator se concentra em viver do jeito que o personagem seria, incorporando ele o tempo inteiro). O Coringa apresentado não é a personificação do caos que era o Coringa de Ledger nem é o mafioso psicótico interpretado por Nicholson. Seu personagem é perdido e as vezes apenas irritante.

 

O último ato inteiro

A divisão dos três atos no cinema é o modelo mais tradicional de se entregar uma narrativa cinematográfica. Seguindo mais ou menos o mesmo modelo, os filmes de ação e aventura passar por três etapas: 1) O primeiro ato, onde são apresentados os personagens principais e suas motivações. 2) onde são desenvolvidos seus conflitos e suas personalidades são aprofundadas e 3) um grande conflito generalizado que toma uma proporção maior do que as batalhas do segundo ato. Como exemplo desse ano temos: A batalha final contra Apocalipse em X-men, a luta de Deadpool contra Franc… digo, Ajax e o duelo da trindade contra o Apocalypse em BvS.

 

Okay… não é como se os dois primeiros atos do filme não dessem suas grandes derrapadas. As apresentações são preguiçosamente feitas por “profile” (este é fulano, esse é seu passado e esse são suas qualidades) e a tentativa de desenvolver uma personalidade é feita por diálogos expositivos (eu tenho uma filha pra cuidar e eu queria muito matar o Batman). Mas o terceiro ato… tudo vira bagunça.

 

A ameaça final do filme usa a famosa trope do “vamos destruir o mundo” e usa a outra famosa trope do “grande feche de luz” que já é feio sendo usado em X-Men e Vingadores (duas vezes), mas que é ainda pior usado num filme essencialmente urbano como Esquadrão Suicida (imaginem se Demolidor e Justiceiro enfrentassem isso no episódio final da segunda temporada da série).

 

O conceito “honra e família” entre os personagens

Os primeiro ato do filme foi gastos para apresentar os personagens pelo que são, mas já no segundo vemos algo sem muito sentido se formando. A ideia de empurrar uma visão de honra de família entre vilões que o filme fez questão de estabelecer como “os piores dos piores” com tanta vontade. Não dá pra saber se a mudança de tom foi o problema de montagem mencionado antes, ou se foi feito de propósito para ser o grande “twist” do filme. De qualquer forma, ficou completamente perdido na narrativa.

 

Esquadrão Suicida é sobre criminosos de super seres que aceitam trabalhos suicidas para poderem reduzir suas sentenças e a única motivação que não os fazem fugir ou matar uns aos outros é a bomba instalada em seus pescoços, não um senso de comunidade e honra que brota de lugar nenhum entre criminosos que beiram a psicopatia.

 

Conclusão

Uma proposta muito interessante que teria um potencial incrível para renovar o cinema de super heróis e dar o tão precioso passo da Warner/DC rumo a um universo de super heróis bem estabelecido e aclamado pela crítica. Porém com a quantidade de cortes e reedições proporcionados pelo estúdio nos entregou um material picotado que tenta ser sombrio e divertido ao mesmo tempo mas que não consegue atingir nenhum dos dois.

 

O que mais dói no coração desse fã é saber que existe uma animação da equipe feita pela mesma Warner/DC que é muito bem construída e maravilhosa chamada “Batman: Assault on Arkham” mas essa comparação ficará para outro texto.

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